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VENEZA  -  dos Gondoleiros - Itália - parte 2/3

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O Grande Canal

ETIAS 2025 - Autorização para entrar na Europa

Anunciado em 2016, o  European Travel Information and Authorization System (ETIAS) — Sistema Europeu de Informação e Autorização — está cada vez mais próximo de ser concretizado. A nova regra de entrada de estrangeiros na Europa se baseia no sistema americano, com maior segurança e será válido a partir  de 2025, ainda sem data para início dos procedimentos.. O sistema verificará as credenciais de segurança e cobrará uma taxa (atualmente divulgada como sete euros) dos viajantes que visitam os países-membros do Tratado de Schengen, para fins de negócios, turismo, médicos ou de trânsito. Os viajantes, que atualmente visitam a Europa sem Visto, podem entrar na UE e nos países-membros de Schengen, gratuitamente e sem qualquer triagem de segurança digital antes de sua chegada à Europa. Vale lembrar que o ETIAS não será um Visto, mas uma autorização de viagem para viajantes que não precisam de Visto Consular para visitar a Europa.

Os Sestieres - bairros 

Burano

Com suas casinhas coloridas, estava a 7 km de Veneza, foi fundada pelos romanos no século VI, e hoje tinha uma população em torno de 50 mil habitantes. Entre as atrações para os visitantes, tinha a Igreja de San Martino,  o Oratório de Santa Bárbara,  o Museu e Escola de Fabricação de Renda, Lace Museum ) e as várias lojinhas que vendiam artigos confeccionados em renda, pelas artesãs local.

 

Cannaregio

Era o segundo bairro mais extenso da cidade e o mais populoso. A partir da Estação Ferroviária Santa Lucia, siga o fluxo das pessoas até a igreja de Santa Luzia, que abrigava  o corpo da Santa protetora dos olhos e da visão. A igreja era muito bonita, e ponto de encontro para muitos peregrinos. Outras igrejas a serem visitadas: Gesuiti e a Madonna dell’Orto, que possuia obras de Tiziano e Tintoretto.  Era em Cannaregio que estava o Ca´Doro,  um dos prédios mais bonitos do Canal Grande, que com sua fachada gótica, era uma das mais fotografadas na cidade. Hoje era onde  funciona a Galleria Franchetti. Além de visitar o acervo, era uma oportunidade de conhecer por dentro, um palácio histórico veneziano e admirar um dos mais belos pavimentos da cidade, em seu pátio interno. A  Grande Escola da Misericordia, era um prédio que passara por uma recente reestruturação e hoje abrigava mostras de arte e eventos culturais. Ao lado estava a igreja de mesmo nome e próximo dali, era possível avistar ao longe a Ilha de São Miguel, onde ficava o Cemitério Era em Cannaregio que ficavam as paradas do Vaporetto, que levavam o público até a ilha de Burano. Nas proximidades, havia duas igrejas que deveriam ser visitadas pelos católicos e apreciadores da arte barroca: a Igreja dos Jesuitas e a de Santa Maria dos Milagres.

Campo do Gheto Novo –

 

No começo de 1.500, em conseqüência da Guerra de Cambrai (um conflito marcado pelo combate de uma vasta coalizão, formada pelos principais estados europeus, contra a República de Veneza), um número relevante de Judeus se abrigara em Veneza, levantando as preocupações dos Cristãos. Em 29 de março de 1516, o Senado da República decretou que os Hebreus presentes na ilha teriam que passar a residir na região chamada de Ghetto Nuovo, nascendo então o primeiro Gueto do mundo. O Ghetto Nuovo era e ainda era uma ilha, à qual se acessava somente por duas pontes. Na entrada das mesmas foram postos dois portões de ferro, que eram fechados e vigiados durante a noite: os Judeus podiam sair de lá somente durante o dia, desde que tivessem um sinal de identificação. Devido ao crescimento demográfico da comunidade hebraica, com mais de 4.000 moradores, tiveram que recorrer à expansão vertical, e era por isso que o Ghetto era a única érea de Veneza que tinha prédios altos, que chegavam a até oito andares. Depois, foi necessário ampliar a região, anexando o Ghetto Vecchio e criando o Ghetto NovissimoPara chegar ao bairro do Gheto a partir do Terminal Ferroviário Santa Lucia, pegue o Vaporeto e desça na parada Marcuola-Casino e depois caminhe até a Calle Masena e a Calesele para atravessar uma ponte e chegar ao bairro Gheto Novo e as igrejas e Sinagogas. Para ir a Praça de São Marco, caminhe pela Calle Ghetto Vecchio e Calle do Forno até a  parada de barcos Guglie, que o levará a São Marcos.

Foi em 1516, que  a República da Sereníssima estabeleceu uma zona em que a comunidade hebraica pudesse se instalar, no Sestiere de Cannaregio. Havia uma condição para que os judeus voltassem para o Gueto durante a noite, e lá permanecessem até a manhã seguinte, evitando maior contato social com os outros habitantes da cidade. A região era controlada, e o acesso era fechado. Os judeus deveriam utilizar símbolos que os identificassem: os homens caminhavam pela cidade com um chapéu amarelo e vermelho, e as mulheres usavam xales vermelhos.  A palavra ghetto, que especificava estes bairros onde os judeus eram confinados, nas diversas cidades européias, era de origem veneziana. A região onde ficava o Gheto de Veneza, era sede de uma importante fundição e o verbo ghethar, significava refinar o metal e fundi-lo, daí a origem da palavra Gueto, nada simpática para o povo de Israel. Os judeus que viviam aqui, eram distintos do resto de população, também pelas profissões que exerciam. Eram médicos, vendedores de objetos usados e agiotas. E vinham de todas as partes da Europa: franceses, gregos, alemães, espanhóis, portugueses e até italianos.

Em 1541, as autoridades tiveram que ampliar a região e criaram o Gheto Velho, uma extensão do primeiro Ghetto Novo (que apesar do nome era a parte mais antiga) e onde se estabeleceram os judeus levantinos. A comunidade judaica, começara a construir suas Sinagogas, nas estruturas então disponíveis dentro do Gueto, sem possibilidade de criá-las como verdadeiras Sinagogas. Uma vez no Gueto, era necessário saber onde elas estavam posicionadas, já que do lado de fora, parecem prédios normais, não fosse uma pequena modificação realizada em algumas delas, não seria possível identificá-las.  Existiam cinco Sinagogas no Gheto judeu, nem todas ativas. Era possível visitar o Museo Hebraico, e conhecê-las a partir de um percurso guiado, que saia a cada hora (a partir das 10.30h), em inglês ou italiano. As três Sinagogas que ficavam na área do museu, eram as mais antigas, construídas pela comunidade de origem francesa, alemã e italiana. Por fora, era impossível imaginar que fossem Sinagogas, a não ser pelas propositais cinco janelas, que representavam os cinco livros que formam a Torá. Por dentro, são verdadeiras jóias, mesmo mantendo uma decoração bastante sóbria. Aqui fica o notável  Museu Hebraico, que abriga alguns objetos interessantes, manuscritos e documentos da cidade judaica de Veneza.

Já as Sinagogas do Gheto Velho, pertencentes às comunidade levantina e espanhola, foram construídas no século XV e reconstruídas no século XVII. A estrutura e decoração eram suntuosas e refletiam o período de maior riqueza do Gueto e o sucesso de seu comércio com a Sereníssima. O projeto das duas Sinagogas, era da escola de Baldassere Longhena, o arquiteto que construiu a Basílica da Saúde. No Gheto existiam alguns restaurantes de comida kosher e uma padaria com doces e pães hebraicos. Um dos restaurantes mais conhecidos e indicados, era o Gam Gam. Para quem não procurava a cozinha hebraica, havia o Ristoranti e Pizzaria Al Faro, na Sestiere Cannaregio, 1181. Próximo da Strada Nuova, poderá aproveitar a tradicional Osteria Alla Vedova, recomendada para um tira-gosto ou para um almoço/jantar. Serviam pratos típicos da culinária veneziana. Se quiser se instalar por aqui, escolha o Hotel La Forcola, que ficava próximo da parada Guglie, do Vaporetto.

Castelo

A Riva degli Schiavoni, era a grande avenida, se assim de poderia dizer, que margeava a bacia de São Marcos. Tinha início na Ponte della Paglia, o ponto da cidade onde todos se aglomeravam para ver a famosa Ponte dos Suspiros. A paisagem da Riva degli Schiavoni, fora reproduzida por muitos artistas, especialmente Canaletto. Na parte de trás de São Marcos ficava a igreja de São Zaccaria, onde se destacava sua fachada construída em época renascentista, pelo artista Mario Codussi. Além de conservar as relíquias do pai de João Batista, a igreja tinha em sua cripta, os corpos de alguns dos Doges mais ilustres da história da República de Veneza.

Nas proximidades, estava a Igreja de São Giorgio dei Greci, onde chamava a atenção o Campanário torto, que foi dedicado aos gregos que se mudaram para Veneza, depois da queda do Império Bizantino. A igreja de Santa Maria da Pietà, era também conhecida como a igreja de Vivaldi. Foi aqui que o famoso músico, que também era sacerdote, ensinava sua arte às famosas filhas do Coral, meninas órfãs que eram educadas pelo Instituto della Pietà. Estes Corais eram famosos em toda Europa e a Piedade era frequentada por nobres, Embaixadores e intelectuais. A igreja de Santa Maria Formosa, era datada do ano de 639. Sua construção era do século XV, tendo passado por várias reestruturações. Durante a I Guerra Mundial, a igreja foi bombardeada pelas tropas austríacas, sendo muito danificada. Aproveite para visitar a maravilhosa  Libreria Acqua Alta, que ficava a poucos passos do Campo Santa Maria Formosa, considerada uma das mais belas livrarias do mundo.

Campo San Giovanni e Paolo, era um dos mais bonitos de Veneza, sendo também chamado de Campo delle Meraviglie. Abrigava a igreja com mesmo nome, além da Grande Escola de San Marco, hoje sede do hospital da cidade. A fachada renascentista se destacava ao lado da construção gótica da igreja, e vaiae entrar para ver os afrescos que decoravam as antigas  salas. A igreja possuia obras de artistas famosos como Veronese, Tintoretto, Tiziano entre outros  e era considerada o Panteão de Veneza, pelo grande número de Doges sepultados em seu interior. Era um dos lugares de grande importância na história de Veneza, que poderia ser visitado ainda hoje, no bairro Castello. Era o famoso Arsenale de Veneza,  um antigo Estaleiro, que por anos foi um dos mais importantes na construção naval  mundial e garantia a Veneza a supremacia dos mares. A construção era muito imponente, e nas proximidades estava o Museu Histórico Naval.

Aqui se encontrava os Jardins da Bienal,  uma das raras áreas verdes da cidade, onde estavam os pavilhões da famosa Bienal, que a cada dois anos promovia as novas tendências artísticas e organizava manifestações pluri – disciplinares, onde sua primeira edição acontecera em 1895.  Próximo estava a via Giuseppe Garibaldi, uma grande avenida com lojas e Osterias. Para comer, procure a Al Portego, considerada uma das melhores Osterias da cidade, que ficava próximo ao Campo San Lio. Outra boa Osteria, ficava na Via Garibaldi, 1582 e chamava-se Strani, que servia pratos a la carte e tira-gostos.

Dorsoduro

Os museus de Veneza estavam bem distribuídos em seus bairros, mas Dorsoduro reunia dois dos mais importantes museus da Itália e do mundo. A Galleria dell’Accademia, que abrigava a mais rica coleção de obras venezianas e vênetas dos períodos bizantino, gótico e do renascimento. Guardava vários quadros importantes para a história da arte, como A Tempestade, de Giorgione, O Milagre da Relíquia da Cruz na Ponte de Rialto, de Vittore Carpaccio, e o Banquete na Casa de Levi, de Paolo Veronese. Próximo da Academia, no Palazzo Venier del Leone, estava a famosa Collezione Peggy Guggenheim, um dos mais importantes acervos de arte moderna do mundo. Em 1948, a mecenas Peggy, se mudara para Veneza,, trazendo sua coleção de obras de arte e enriquecendo a casa onde residia,  com peças que foram adquiridas ao longo de sua vida. Além do acervo, com obras de Chagall, Picasso, Klee, Mondrian, Magritte, Pollock e outros, a Galeria promovia mostras temporâneas. Peggy elegera Veneza como a cidade de sua vida. Dizia que era onde se sentia à vontade, para usar o que bem entendesse, sem parecer uma ridícula. No Vernier, era onde costumava viver quando estava pela cidade.

Ca`Rezzonico,  era um dos palácios em estilo barroco mais belos do Grande Canal. Era a sede do interessante museu dedicado à produção artística do período dos anos 1700, na cidade. Entre os museus de Veneza, a Ca’ Rezzonico era, sem dúvidas, a melhor estrutura para conhecer a cidade por meio do testemunho de seus nobres moradores. A Punta della Dogana, era um triângulo curioso na geografia da cidade, e marcava o início do Canal Grande, e era o ponto onde funcionava a Alfândega do Mar. O prédio hoje, era sede do Centro de Arte Contemporânea da Fondazione Pinault  e abrigava mostras de arte contemporânea e sediava eventos. A Punta della Dogana era um dos melhores pontos para admirar a bacia de São Marcos, o Canal da Giudecca e registrar boas imagens.

A reformada Ponte dell’Accademia, era um dos símbolos da cidade. Era sem dúvida, uma das vistas mais bonitas de Veneza mostrando ao fundo a Punta della Dogana e a Basílica da Saúde. A Ponte da Academia, fora a segunda a ser construída para atravessar o Grande Canal, a única em que utilizaram somente  madeira em sua construção. Considerado um dos prédios mais monumentais de toda Veneza, e construído em um ponto estratégico da cidade, a igreja de Santa Maria da Saúde fora erguida para pagar uma promessa contra o fim da peste, que assolara Veneza entre 1630 e 1631. Era uma das maiores expressões do barroco veneziano. Os fiéis costumavam visitá-la para pedirem saúde e proteção, mas valia admirar sua beleza interior e arquitetura grandiosa. Quando visitar a Igreja de San Barnaba,  relembre de uma famosa cena do cinema de 1989, do filme de Indiana Jones, a Última Cruzada. Atualmente, abrigava uma mostra permanente de protótipos das máquinas projetadas por Leonardo Da Vinci.

Bem próximo à San Barnaba, visite a Santa Maria del Carmine, uma igreja de origem gótica, que sofrera várias intervenções ao longo dos séculos; e a Igreja de San Pantalon, um prédio com a fachada inacabada, mas com uma jóia em seu interior,  uma imensa pintura do teto, que representava o martírio do Santo e foi realizada ao longo de 24 anos de trabalho. Não deixe de visitar o  Campo Santa Margherita, um dos locais mais frequentado pelos venezianos e estudantes. A Fondamenta delle Zattere, era praticamente uma grande avenida que margeava o Canal da Giudecca, na parte posterior do que era o bairro de Dorsoduro. Aqui ficava o prédio onde funcionava a Hospedaria dos Incuráveis, a Igreja Gesuati, além da maravilhosa vista para admirar a ilha da Giudecca. Se a fome se manifestar, vá ao Al Bottegon ou a Osteria AL Squero, que ficavam frente a Squero de San Trovaso, um pequeno estaleiro que construia e reformava gôndolas.

Punta da Dogana – Dorsoduro -

No Distrito de Dorsoduro, encontrava-se a antiga casa da Alfândega de Veneza, uma espécie de ponta de lança projetando-se para a lagoa e dividindo o Grande Canal, do Canal da Giudecca. Uma construção belíssima — finalizada em 1682 — e que compunha um cenário espetacular junto ao mar e à bela Igreja Santa Maria da Saude. O local, onde hoje funcionava um dos museus mais importantes de Veneza, passara por uma obra de recuperação comandada pelo arquiteto japonês Tadao Ando. Com isso, passara a abrigar exposições de arte contemporânea. A entrada no museu custava 15 € e poderia ser adquirida no momento da visita.

Murano

Era uma pequena ilha que reservava uma autenticidade e charme totalmente único e especial. Era também conhecida como ilha da lagoa de Veneza, composta por sete ilhas menores e unidas por pontes. Com pouco mais de 5.500 habitantes, encontrava-se a uma distância de 1 km desde a Praça San Marco. Era famosa pelas obras de artesanato em vidros. Por volta do ano 1000, eremitas da Ordem Camaldolese, ocuparam este local em busca de um lugar de solidão, para seu modo de vida. Fundaram o Mosteiro de St. Michael de Murano,  que tornou-se um grande centro de aprendizagem artesanal e impressão gráfica. O Mosteiro fora demolido em 1810, por forças francesas sob liderança de Napoleão, no curso de sua conquista da Península italiana, e os Monges foram expulsos em 1814. O local acabara se tornando no maior Cemitério de Veneza. Murano se tornara o centro da produção de vidro,  porque em 1291, todos os fabricantes de vidro em Veneza, foram obrigados a se mudar para Murano, devido ao risco de incêndios que o trabalho proporcionava. A indústria local se desenvolvera, e Murano chegara a ser a maior produtora de cristais da Europa. As atrações na ilha incluiam a Igreja de Santa Maria e San Donato; a Igreja de San Pietro Martire; e o Palazzo da Mula, as fábricas de vidros, abertas ao público, o Museu de Vidro Murano, que contava a história desta indústria, instalado no Palazzo Giustinian.

San Marco

A Basílica de San Marco, um dos símbolos de Veneza, começava a ser construída no ano 828, quando o corpo de São Marcos chegara à cidade, vindo de Alexandria, no Egito. Com o forte relaionamento comercial e diplomático entre Veneza e o Oriente, muitos elementos da igreja foram trazidos da antiga Constantinopla, saqueados no período das Cruzadas. A rica fachada e seu interior, refletiam com o ouro e as decorações a potência que era Veneza no passado. Os mosaicos decoravam internamente a igreja, e estavam por todos os lados. Não deixe de visitar a Pala d’Oro, um trabalho minucioso de ourivesaria, que impressionava pela perfeição das peças.  O Palazzo Ducale, era o emblema da arquitetura gótica veneziana e era sede do poder da República Sereníssima. Sua fachada era  realmente singular, mas o que impressionava era seu pátio interno e suas salas, decoradas pelos maiores artistas da época renascentista, com obras de Veronese, Tintoretto, Tiziano e Tiepolo. Campanário de São Marcos, outro símbolo da cidade, era o prédio mais alto da cidade, com quase 100 metros. Era chamado entre os venezianos de el paròn de casa, ou seja, o dono da casa. Na sua extremidade ficava a estátua dourada do Arcanjo Gabriel, que se movimentava de acordo com o vento A vista do Campanário, possibilitava compreender melhor a estrutura da cidade. 

Os Cafés históricos faziam parte da vida social, durante e depois da República de Veneza. Por estes salões passaram diversas personalidades, pensadores, artistas, e intelectuais. Os Cafés Florian, La Vena, Gran Caffè Quadri, eram alguns dos mais frequentados. Poderia escolher, entre sentar em seu interior e admirar a linda decoração interna ou as mesinhas do lado de fora. Se quiser entrar no Florian para conhecer, mas não quiser gastar muito, peça um cafezinho no balcão, que antes da pandemia custava 3 Euros. Uma das curiosidades da Praça San Marco, ficava por conta da  Torre do Relógio, que marcava a hora, o dia, as fases da lua e os signos do Zodíaco. Em cima do relógio, as estátuas em bronze de dois homens, conhecidos como i mori di Venezia,  se moviam por meio de um mecanismo e batiam os sinos.

Museo Correr, abrigava obras que ilustravam a história e evolução de Veneza, com antigos mapas da cidade, representações da vida cotidiana, as grandes navegações, a dominação dos Doges, além da ricas pinturas venezianas, do período dos anos 1500. O museu estava localizado onde funcionava a Procuradoria da República da Serenissima. Depois, atravesse o Canal e conheça a Ilha de San Giorgio Maggiore, que ficava a somente 5 minutos de Vaporetto, e  poderá conferir a vista da Praça San Marco e de Veneza, sob outro ângulo. Outra atração do bairro de San Marco, era o  Teatro La Fenice, um dos mais famosos teatros de ópera do mundo. A temporada começava no mês de junho, mas mesmo para quem não tinha interesse em ópera, valia visitar a parte interna do teatro, que fora recentemente reformada. O Campo Santo Stefano, era o campo mais próximo a San Marco, e como a maioria dos campos venezianos, era repleto de bares, com suas mesinhas ao ar livre para melhor apreciar os belos palácios que o circundavam. Atrás do Campo, repare no Conservatório Benedetto Marcello. Para almoçar: o Chat que Rie ou a Osteria da Carla, que ficavam numa travessa da Praça San Marco.

San Polo

Um dos pontos interessantes para começar o passeio pelo bairro de San Polo era pelo Mercado de Rialto, área onde se realizavam as trocas comerciais desde a época medieval, por conta da forte relação cultural e política entre Veneza e o Império Bizantino. Dois prédios eram destinados à venda do peixe, nas demais bancas eram comercializadas as frutas, verduras e legumes, muitas delas provenientes da ilha de Santo Erasmo. Existiam ainda, açougues (inclusive um especializado em carne equina) e algumas lojas destinadas ao comércio de queijos e embutidos. O Mercado de Rialto, era muito frequentado pelos venezianos, que se distinguiam dos turistas, geralmente por circularem com seus carrinhos de compras. O mercado do peixe funcionava de terça a sábado, das 7.30 as 12.00h e o mercado de fruta e verdura abria de segunda a sábado, das 7.30 as 13.30h. Bem próximo, estava o Campo San Giacometto, que era ponto central do antigo comércio onde, além de bancos, funcionava uma espécie de Bolsa de Valores das especiarias, que definia o valor da mercadoria a ser aplicado em toda a Europa. A igreja dedicada a San Giacomo, era considerada  a mais antiga da cidade, e conservava na fachada um antigo relógio, com algarismos romanos e que ainda marcava as horas.

Sua famosa e bonita Ponte de Rialto, foi a primeira a ser construída para fazer a travessia de pedestres no Grande Canal. A melhor escolha era atravessa-la bem cedo, pela manhã ou à noite, quando a massa de turistas já estava parando de se movimentar pela cidade. Uma das atrações mais interessantes de San Polo, era a Grande  Escola de San Rocco. Considerada a Capela Sistina de Veneza, foi o espaço onde Tintoretto passara 23 anos da sua vida, pintando os ciclos da história da Bíblia. Os afrescos eram considerados a maior obra de arte do pintor veneziano. Próximo, estava a Igreja Santa Maria Gloriosa dei Frari, considerada um dos prédios religiosos mais importantes de Veneza. Além da belíssima fachada gótica, localizada em um sugestivo campo, a Igreja dei Frari abrigava obras de arte  de grandes mestres como Tiziano, Bellini, Donatello, Canova e Palladio e monumentos fúnebres de Doges, artistas e personalidades ilustres da vida veneziana.  San Polo não é um bairro com galerias de arte e museu, mas para quem quer conhecer por dentro um prédio medieval, era interessante visitar a Casa de Carlo Goldoni, escritor de comédias, que morara neste antigo palácio, e uma exposição dedicada à fase que o teatro veneziano vivera na época de Goldoni. A região de Rialto, era cheia de Osterias, os famosos bácari, como o Al Mercà, o Muro Venezia Rialto, a Osteria Banco Giro e a La Patatina, mais próxima a Frari e San Rocco.

Basílica Santa Maria Gloriosa – San Polo -

Era também conhecida como Basílica dei Frari, foi criada pelos Franciscanos entre os séculos XIV e XV e contava com um grande diferencial, pois apresentava o Coro bem na área central. Uma de suas curiosidades, era  que tinha o segundo maior Campanário de Veneza, com cerca de 83 metros de altura, perdendo somente para o da Basílica de São Marcos. Dentre as obras encontradas na Basílica, a mais importante era a Assunção de Ticiano, que se encontrava acima do altar. Abrigava os túmulos de figuras importantes para a história de Veneza, como Ticiano, Antônio Canova e outros e onde encontraria obras de importantes artistas da Itália e do mundo, dentre os quais se destacavam: Bellini, Donatello, Canova, Ticiano e Palladio.

Escola Grande de São Roque – San Polo - 

Era uma Confraria de leigos, fundada em 1478. A profunda veneração popular de São Roque, cuja relíquia já estava de posse da Confraria, desde 1485, contribuia para seu forte crescimento até se tornar a mais rica Escola da cidade. Foi então que decidiram construir o novo e imponente sítio monumental, chamando então Tintoretto para pintar seu mais famoso ciclo pictórico, com episódios do Antigo e do Novo Testamento. Era a única das antigas Grandes Escolas, que sobrevivera à queda da República. Era um lugar excepcional, onde mais de 60 pinturas eram preservadas em seu local original, em um prédio que quase não sofrera alterações desde a sua construção. Estava aberta ao público todos os dias e para visitação, as reservas  eram necessárias para fins de semana e feriados. As entradas eram escalonadas em turnos de um quarto de hora, durante os quais seria possível aceder à Escola, a partir das09.30h.

Igreja de São Roque Campo de San Rocco –

Instalada na mesma praça, ficava a Escola Grande São Roque, destacada pelas numerosas pinturas de Tintoretto. Desenhada por Bartolomeo Bon, o Jovem, fora construída entre 1478 e 1494.

Santa Croce

Destaque para suas pontes, como a  Ponte degli Scalzi, ou Ponte dos Descalços, a primeira a ser vista pela maioria dos turistas que chegavam a Veneza, ficava em frente à Estação Ferroviária de Santa Lucia. Construída em ferro, em 1858, pelo austríaco Alfred Neville, foi reconstruída, toda em pedra vinda de Istria, pelo engenheiro Eugenio Miozzi,  e inaugurada em 1934. A Ponte della Costituzione,  projetada pelo renomado arquiteto espanhol Santiago Calatrava foi inaugurada em 2008, com muita polêmica e opiniões divergentes. O estilo era moderno, e seu pavimento era todo  em vidro, em  dias de chuva, neblina e neve, era um tormento, já que provoca acidentes. A polêmica também vinha dos recursos econômicos para sua construção, que superaram o custo previsto no edital original. Era a ponte que ligava a Piazzale Roma, onde chegavam os ônibus e Vans com os turistas, à Estação Ferroviária de Santa Lucia, melhor local para pegar um Vaporetto para ir ao hotel ou para iniciar os passeios. 

A Igreja de San Simeon Piccolo, éea uma das únicas em Veneza, onde a missa ainda era celebrada em latim. A grande cúpula verde, chamava a atenção de quem descia na Estação de Santa Lucia, bem como seus elementos bizantinos e paladianos. Nem sempre estava aberta à visitação. O Campo San Giacomo dell’Orio, era frequentado pelos venezianos e pelas crianças que brincavam de bola e patinete. Não faltavam velhinhos sentados nos bancos, e os cachorros da vizinhança. No campo, estava a igreja de mesmo nome, um belo exemplo de gótico veneziano. Santa Croce reservava uma boa surpresa, a Igreja de San Stae, com sua suntuosa fachada barroca, que dividia a atenção com a linda paisagem do Grande Canal, no campo em frente à igreja.  Em Santa Croce, estavam alguns museus interessantes. No Palazzo Mocenigo, próximo a San Stae, funcionava o Museu da Historia dos Tecidos e dos Costumes. O acervo contava com uma série de antigas indumentárias venezianas, que encontrava como moldura a suntuosidade do palácio, seu mobiliário antigo, afrescos e quadros. Era surpreendente a parte dedicada à história do perfume, e a relação de Veneza com os cosméticos.

Cà Pesaro, um palácio barroco às margens do Canal Grande, abrigava a Galleria de Arte Moderna, reunindo obras de Calder, Chagall, De Chirico,  Kandinskij, Klimt, Picasso, entre outros. Além das exposições e mostras temporárias, o museu tinha ainda uma parte dedicada às artes orientais, onde funcionava o Museo di Arte Orientale. O Fondaco dei Turchi, era outro palácio localizado no Canal Grande, abrigava o Museu de História Natural. Em Santa Croce, também funcionava a Fondazione Prada. Em suas caminhadas, quando sentir vontade de comer alguma coisa, vá até a Bacareto da Lele e prove o panino, vendido numa portinha, que geralmente tinha fila. Também dá para recomendar a Osteria Allá Zucca e o Vecio Fritolin - Calle Regina, 2262 -

Torcello

Era a ilha habitada mais antiga de Veneza, que começara a ser povoada logo depois da queda do Império Romano do Ocidente, e fora onde os moradores de Veneza se refugiaram de ataques de Átila, o Rei dos Hunos, durante as Invasões Bárbaras. O perfil era totalmente diferente das demais ilhas visitadas, com construções bem antigas, ruínas e um visual bastante rústico.  As salinas tornaram-se a base da economia de Torcello, fazendo com que seu porto se desenvolvesse rapidamente em um importante mercado de exportação. Em 2019 sua população girava em torno de 10 mil habitantes. A lagoa em torno da ilha de Torcello, gradualmente tornara-se um pântano, do século XII em diante, atraindo mosquitos portadores de malária que causaram uma epidemia que devastou a ilha.

Em 1948, um dos moradores famosos de Torcello, era o escritor americano Ernest Hemingway, que se inspirara na ilha para escrever o livro Na Outra Margem, Entre as Árvores (1950).  A ilha que possuia vários palácios, 12 paróquias e seus 17 claustros, quase desapareceram por completo. Os únicos prédios medievais remanescentes, formavam um conjunto de quatro prédios. A principal atração, era a Catedral de Santa Maria Assunta, fundada em 639, com seus belos mosaicos bizantinos. Outras atrações incluiam a Igreja Santa Fosca, na forma de uma cruz grega, e o Museu Provinciale de Torcello, alojados em dois palácios do século XIV, o Palazzo dell’Archivio e o Palazzo del Consiglio, que já fora a sede do Governo Comunal, uma antiga cadeira de pedra, conhecida como Trono de Átila e a Ponte do Diabo, que não tinha corrimão ou parapeito.

Estacionamentos 

Veneza era praticamente uma área sem carros, por ser construída sobre a água. Os veículos podiam atingir o Terminal para carros/autocarros, através da Ponte della Libertà ( SR11 ). Existiam dois parques de estacionamento, que serviam a cidade: Tronchetto e Piazzale Roma. Como já visitei a cidade em quatro oportunidades, recomendo deixar o carro em Veneza-Mestre, e pegar um onibus até a Piazalle Roma.

Não venham...

A famosa ponte de Rialto estava abarrotada de visitantes em plena alta temporada que coincidia com uma recomendação feita pela Unesco, de que a cidade fosse incluída na lista do patrimônio cultural em perigo, devido ao turismo de massa e aos impactos da mudança climática. Os turistas pareciam alheios às preocupações da Unesco e registravam fotos, arrastavam suas maletas e tomavam sorvetes alegremente. A lista de desafios que Veneza enfrentava por conta do excesso de turistas era longa, desde a ameaça ambiental da água, ao êxodo de seus moradores, deixando o que muitos classificavam como uma cidade sem alma. Há dois anos, Veneza salvou-se de ser catalogada como patrimônio em perigo depois que as autoridades italianas anunciaram a proibição de entrada no centro histórico para os grandes navios de cruzeiro.


Mas o desvio dessas embarcações para o porto industrial de Marghera não teve impacto no excesso de turistas. Cerca de 3,2 milhões de visitantes pernoitaram no centro histórico de Veneza no ano passado, segundo os dados oficiais, um número que não incluía as pessoas que visitavam a cidade durante o dia. A Unesco que incluia Veneza na lista de patrimônio da humanidade em 1987 alertava que os impactos da mudança climática e do turismo de massa ameaçavam causar mudanças irreversíveis e advertiu que era necessário uma gestão mais sustentável do turismo. Além disso, considerava que as medidas tomadas pela Itália foram insuficientes e que a resolução destes problemas se via bloqueada pela "ausência de uma visão estratégica comum global". As críticas indicavam que as medidas para conter o turismo foram pouco efetivas e chegam tarde demais. Um plano de longa data para impor um sistema de reserva para os visitantes diurnos, foi adiado em diversas oportunidades e, agora, não será aplicado antes de 2024 pelos temores de que prejudique o turismo e coloque em risco a liberdade de movimento. Na Praça de São Marcos, Lorenzo Seano, um trabalhador municipal de 21 anos, tentava evitar que os turistas se sentassem nos degraus das arcadas que circundavam o local. Para Seano, o problema do turismo de massa ia além de Veneza, mas nenhum Governo tentou enfrentá-lo de forma estrutural. Afinal, era muito dinheiro que entrava, opinava Lorenzo.

Taxa de Turismo

Os turistas que forem a Veneza, na Itália, no esquema de bate e volta, a partir de abril, terão que pagar uma taxa de 5 euros para terem acesso ao centro histórico. O pagamento garantirá a permanência dos pagantes entre 8.30 e 16.00h, no horário local. Os ingressos começaram a ser vendidos pela Prefeitura da cidade na segunda semana de janeiro/24 e passarão a ser exigidos a partir de 25 de abril de 2024, feriado nacional na Itália. A medida, que entrará em vigor em forma de teste, será uma forma de reduzir o turismo de massa em Veneza. Inicialmente, a entrada será cobrada em determinados dias de abril, maio, junho e julho. Nesse primeiro momento, não haverá limite de pessoas para entrar na cidade.


Os ingressos serão exigidos dos turistas nos dez primeiros dias após a medida entrar em vigor e, depois, em quase todos os finais de semana até meados de julho. Quem for flagrado sem ingresso pode ser obrigado a pagar uma multa que poderá variar entre 50 e 300 Euros. Os ingressos podem ser adquiridos pela internet, no site:  https://cda.ve.it/en/. Ao adquirir o Passaporte para acesso ao centro histórico da cidade, os turistas  receberão um código QR que garantirá a circulação pelo local por um por um dia. Quem ficar hospedado na cidade estará isento da taxa, assim como moradores, pessoas com menos de 14 anos, entre outras exceções. Mesmo quem for dispensado do pagamento, precisará entrar no site e adquirir o título de isenção. 

O que comer

Estas eram algumas sugestões de comidas típicas, que os moradores gostavam mais e recomendavam.

Bacallá Mantecato -

Era um antipasto que encontraria nos restaurantes ou nas Osterias que serviam os famosos cicchetti, os tira-gosto. O Baccalà mantecato era praticamente um creme de bacalhau para comer com a polenta ou com pedacinhos de pão, o crostino. O bacalhau era cozido com leite e água e depois era reduzido a um patê, utilizando a água do cozimento, azeite e temperos como alho, sal e pimenta. Alguns restaurantes ofereciam o prato com ou sem alho, e a escolha dos temperos era sua. Era um dos pratos populares mais famosos e pedidos em Veneza. Importante dizer que ele não deveria ser comido puro, mas sempre acompanhado de um pedacinho de pão, uma torrada ou polenta frita.

Polenta e Ischie -

A polenta era um prato muito popular. No passado, a receita era simples: farinha, água, sal, leite, manteiga, queijo ou carne. Hoje,  as variações eram muitas: branca, amarela, dura, mole, cozida ou frita. Em Veneza encontraremos a polenta em muitas formas, mas uma das era a polenta com schie, uma polentinha bem mole coberta com schie, um minúsculo camarão proveniente da laguna de Veneza.

Sarde in Saor -

Era outro antipasto famoso da tradição culinária veneziana. Era um prato que requeria toda uma técnica em seu preparo. O Saor, em dialeto Vêneto significava sabor e era exatamente com muito sabor que as sardinhas eram preparadas. Para que adquirissem sabor e textura desejado, eram colocadas em camadas alternadas, com cebolas e regadas com vinagre. Os restaurantes mais novos, tinha modernizado e criado sua própria receita. Era um prato frio e muito saboroso.

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