RÚSSIA - Federação Russa
Catedral de São Basílio
A Rússia, oficialmente denominada Federação Russa, era um país localizado no norte da Eurásia. Com 17.075.400 quilômetros quadrados, e com maior área do planeta, cobrindo mais de um nono da área terrestre. O Império Russo, maior Império e maior Estado Nacional de todos os tempos em área, ( o maior fora o Império Persa ), fora fundado no século XIV, com a derrota dos tártaros, na batalha do Rio Ugra. Sua raiz fora o Principado de Moscou, que liderara o processo de formação do futuro Estado russo. Expandira-se até ao Oceano Pacífico, entre os séculos XVII e XIX, e fora derrubado pelas Revoluções de 1917, a segunda das quais culminara com a criação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas - URSS.
Moscou era a maior cidade e a capital da Rússia, e fora fundada em 1147, por Yuri Dolgoruki. Tinha cerca de 12,2 milhões de habitantes na sua área metropolitana, o que a tornava a maior da Europa em termos populacionais. Moscou era, além da capital administrativa do país, a capital financeira, educacional e judicial. Era um exemplo de Governo centralizado numa capital. Além do poder político, era a cidade onde residia o centro da Igreja Ortodoxa Russa. Era mundialmente conhecida pelos seus monumentos, como o Kremlin, a Catedral de São Basílio, e pela Universidade Estatal de Moscou.
São Petersburgo era uma das mais belas cidades do mundo, fundada pelo Czar Pedro, O Grande, em 1703, era apenas uma Fortaleza que fora chamada depois São Apostle Peter. Esta nova cidade, precisara de somente 10 anos para tornar-se uma capital fascinante da Rússia: São Petersburgo, considerada a capital norte da Rússia. Era a cidade das noites brancas, fenômeno que acontecia no verão, onde escurecia à 1 da manhã. Era conhecida também por Veneza do Norte, com suas pontes e inúmeros canais que cortavam a cidade.
A origem da família Romanov, remontava ao século XIV, a época em que seu patriarca, Andrey Kobyl servira na Corte aos Príncipes de Moscou. Ao longo do tempo, seus descendentes se fortaleceram na Corte, tornando-se os principais membros da Duma (Conselho Real), houveramm muitos casamentos entre eles e os Príncipes, até Czar Ivan se casar com Anastasiya Romanova.
Durante o reinado de Ivan, o Terrível, os Romanov firmaram seu poder, como donos de muitas terras, influência na Duma, e confiança do Czar. Após a morte de Ivan IV, assumira Fiodor I, que permanecera pouco tempo no trono e marcava o início do declínio da Dinastia Ryurik, no poder. Após sua morte, houvera disputa entre as famílias mais poderosas do Império, até que Mikhail Feodorovich, fora eleito e dera início ao comando da Dinastia Romanov, estabilizando o país.
O Governo dos Romanov duraria três séculos, e seu início fora marcado pela ascensão de uma nova cultura, que emergira da Idade Média e transformava a Rússia em uma grande potência mundial. Sua soberania só fora abalada no século XIX, quando surgiram os primeiros movimentos Revolucionários. A crise desencadeada pela insatisfação popular, que culminara com a Revolução de 1917, que puzera fim à Monarquia Russa e instaurara o sistema socialista.
A capital do Império Russo, era São Petersburgo, que em 1914 fora rebatizada como Petrogrado. Ao final do século XIX, o tamanho do Império era de cerca de 22.400.000 km², abrangendo vastas áreas da Europa Oriental e do Norte e centro da Ásia. Seus limites eram o Oceano Ártico ao norte, o Cáucaso e as fronteiras com a Pérsia e Afeganistão ao sul, o Oceano Pacífico e as fronteiras com a China, Coréia e Japão a leste e a oeste os montes Cárpatos, onde fazia fronteira com a Alemanha e a Áustria-Hungria. O Império Russo ainda chegara a contar com um território na América, o Alasca, o qual em 1867 fora vendido aos Estados Unidos.
As Matryoshka
As Matryoshka
Em seu apogeu o Império Russo incluía, além do território russo atual, os Estados Bálticos (Lituânia, Letônia e Estônia), a Finlândia, Cáucaso, Ucrânia, Bielorrússia, boa parte da Polônia (antigo Reino da Polônia), Moldávia ( Bessarábia ) e quase toda a Ásia Central. Também contava com zonas de influência no Irã, Mongólia e norte da China.
Na Primeira Guerra Mundial, o Império Russo se unira à Triplice Entente, na qual havia os países França e Inglaterra, contra a Tríplice Aliança, formada por Alemanha, Áustria-Hungria e o Império Turco-Otomano. A Rússia tinha interesse em obter um acesso ao Mar Mediterrâneo, e para isso pretendia anexar, sob a justificativa de proteger povos eslavos irmãos, a Península Balcâ e os estreitos de Bósforo e Dardanelos, então sob domínio do moribundo Império Otomano. Porém a participação Russa na 1ª Guerra Mundial fora desastrosa, sofrendo humilhantes derrotas para a Alemanha, abandonando a Guerra em 1917, com a assinatura do Tratado de Brest-Litovski.
O Império Russo era uma Monarquia Hereditária, liderada por um Imperador autocrático ( Tsar ou Czar ) da Dinastia Romanov. A religião oficial do Estado era o cristianismo ortodoxo, representado pela Igreja Ortodoxa Russa. Os sujeitos do Império foram separados em estratos (classes), conhecidas como dvoryanstvo (nobreza), clero, comerciantes, cossacos e camponeses. Ainda os nativos da Sibéria e Ásia Central, foram oficialmente registrados em uma classe chamada inorodsty ( estrangeiros ).
Um Parlamento, a Duma, fora estabelecido em 1906, porém a agitação política e social continuava e fora agravada durante a Primeira Guerra Mundial, pelas derrotas militares e escassez de alimentos. As revoluções de fevereiro e de outubro, levaram os bolcheviques ao poder, em 1917. Em 15 de novembro de 1917 os bolcheviques promulgaram a Declaração de Direitos dos Povos da Rússia, que se tornara a base legal para a secessão de diversas partes do ex-Império Russo. Muitos daqueles territórios independentes foram posteriormente reincorporados como Repúblicas da União Soviética.
A guerra civil russa, fora um conflito armado que eclodira em abril de 1918 e terminara em 1922. Durante este período, Cxércitos e milícias de diversos matizes políticos se enfrentaram com o objetivo de implantar seu próprio sistema. As partes em conflito incluíram ex-generais Czaristas, Republicanos liberais (os cadetes), o Exército Vermelho Bolchevique, milícias anarquistas (o Exército Insurgente Makhnovista) e tropas de ocupação estrangeiras. O Exército Vermelho, fora o único vencedor do conflito, após o qual fora criado o Estado Soviético, sob a liderança inconteste dos bolcheviques.
Aproveitando-se do verdadeiro caos em que o país se encontrava, as nações aliadas da Primeira Guerra Mundial resolveram intervir a favor dos brancos (Czaristas e liberais). Tropas inglesas, francesas, americanas e japonesas desembarcaram tanto nas regiões ocidentais (Criméia e Geórgia), como nas orientais (ocupação de Vladivostok e da Sibéria Oriental). Seus objetivos eram: derrubar o Governo bolchevique (que era pela paz com a Alemanha) e instaurar um regime favorável à continuação da Rússia na Guerra; mas talvez seu objetivo maior fosse evitar a contaminação da Europa Ocidental, pelos ideais comunistas - daí a expressão utilizada por Clemenceau, então Presidente da França – de cordon sanitaire.
No terreno econômico, devido a situação de emergência e pelo próprio ímpeto revolucionário, o Partido Bolchevique instituira o comunismo de Guerra. O dinheiro e as leis do mercado foram extintas, sendo substituídos por uma economia dirigida baseada no confisco de cereais produzidos pelos camponeses. Naturalmente estas medidas criaram um desestímulo ao plantio, levando-os a produzirem exclusivamente para o sustento de suas famílias. O resultado fora catastrófico. Todos os centros urbanos ficaram sem alimentos, provocando um êxodo urbano - ( Petrogrado e Moscou viram sua população reduzir-se pela metade). A fome de 1921, transformara-se numa das maiores tragédias da Rússia moderna – milhões pereceram.
Em 6 de julho de 1918, após o assassinato do Embaixador alemão, em Moscou, Conde Wilhelm von Mirbach, seguiram-se uma série de levantes e rebeliões por parte dos anarquistas russos, contra o recém instaurado Governo Bolchevique e também o Exército branco. Estes levantes tiveram maior projeção até o fim daquele mesmo mês, mas se estenderam até 30 de dezembro de 1922. Esses acontecimentos, por alguns agrupados em torno do conceito de Revolução de 1918, iniciaram-se durante o Quinto Congresso dos Soviets de Toda Rússia, nos quais os discursos anti-bolcheviques dos anarquistas e dos socialistas revolucionários não receberam apoio da maioria dos delegados. Derrotados no Congresso, os anarquistas e os socialistas revolucionários decidiram sabotar o Tratado de Brest-Litovsk, arrastando a Rússia Soviética a uma guerra com a Alemanha e ao assassinato do Embaixador da Alemanha, em Moscou.
O colapso do Governo Czarista, fora seguido da expulsão da classe de proprietários de terras, e da divisão de terras entre famílias camponesas. Camponeses pobres e médios em geral não se beneficiaram da última, até que Lênin anunciara a Nova Política Econômica (NEP), que puzera um fim à requisição de comida por parte do Governo, adotada durante a Guerra Civil. Camponeses negociavam a maioria de seus produtos a preços livres durante os anos da NEP. Após a morte do líder revolucionário e fundador da União Soviética, Vladimir Lênin, em 1924, Josef Stalin emergira como líder inconteste, após Leon Trotsky ter sido exilado da União Soviética, em 1929.
Sob o comando de Stalin, que substituira a NEP de Lênin por planos qüinquenais e por coletivização das fazendas, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, ou União Soviética (estabelecida em 1922) se tornara uma importante potência industrial, porém com a eliminação da oposição política durante os anos 1930, através de expurgos. Stalin atacara a Polônia dia 17 de setembro de 1939. De 1939 até 1941, os russos deportaram 50.0000 polacos (os funcionários públicos, a nobreza polaca, os padres e os rústicos mais ricos) para a Sibéria.
Também mataram 30.000 soldados poloneses em Katyn, Ostaszkowo e Charkow. Em 1941 a Alemanha atacara os territórios soviéticos. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, a União Soviética emergira como uma das duas superpotências mundiais, posição mantida durante quatro décadas através do fortalecimento militar, ajuda técnica e militar a países em desenvolvimento e pesquisa científica, especialmente em tecnologia espacial e de armamentos. Tensões crescentes entre a União Soviética e os EUA, a outra superpotência e ex-aliada sua na guerra contra o Eixo Nazi-Fascista, levara à chamada Guerra Fria.
Em meados da década de 1980, o Secretário-Geral do Partido Comunista, Mikhail Gorbachev, promovera as chamadas Glasnost (abertura) e Perestrroika (reestruturação econômica). Encontros de cúpula EUA-URSS em 1986 e 1987 e um encontro entre o então Presidente norte-americano Ronald Reagan e Gorbachev, em fins de 1988 promoveram a redução de armamentos de ambos os países na Europa. À medida que a influência de Boris Yeltsin ofuscava a de Mikhail Gorbachev, no poder na Rússia e a desintegração dos regimes de ideologia socialista no Leste Europeu, avançava, após a queda do Muro de Berlim em 1989, desencadeava-se a dissolução pacífica da União Soviética, 1991 e a Independência da Federação Russa. Em 1993, a Duma se rebelara contra a liderança de Bóris Yéltsin, e se recusara a aprovar as normas constitucionais que outorgavam amplos poderes ao Executivo. O prédio do Parlamento russo acabara sendo bombardeado por tanques, por ordem do Presidente.
Em 1995, a República Autônoma da Tchetchênia, rica em petróleo e passagem obrigatória de oleodutos, proclamou a Independência. Rebeldes pegaram em armas e começaram a enfrentar autoridades russas, utilizando táticas de guerrilha. Yeltsin enviou as forças armadas para combatê-los, mas as guarnições numerosas e os tanques grandes, pesados e lentos não conseguiam penetrar nas montanhas da região, de relevos muito acidentados. Assim, o conflito causou grande número de baixas entre os soldados russos, o que minou a popularidade do então Presidente.
Em 1999, Bóris Yéltsin nomeara seu primeiro-ministro e herdeiro político Vladimir Putin como vice-presidente. Vladmir Putin lançara-se candidato à Presidência. No dia 31 de dezembro, Yéltsin renunciara de surpresa, fazendo de Putin, imediatamente o novo Presidente, mesmo antes das eleições. A tática funcionara, e Putin recebera o respaldo nas urnas. Em 2017 se reelegera mais uma vez. Interessante lembrar que Putin não só não atendera o telefonema de Yéltsin para cumprimentá-lo, como nunca mais o procurara. Era esse o Putin que desde 2022, estava querendo botar fogo no circo... e ainda hoje 2024 continua Senhor dos Anéis e ameaçando uma Terceira Guerra...
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