Roteiro pela DALMACIA -

Em 2019 combinamos comemorar meus 80 anos e os 40 de meu filho Eduardo, numa viagem por parte de um território ainda desconhecido para nós: os países do leste europeu. Marcamos para dia 23 de agosto de 2019, a viagem que nos levaria a Belgrado, Zagreb, Split, Hvar, Medjugore e Dubrovnik.
Começamos nosso tour por Belgrado, a capital da Sérvia, país que fazia parte da região dos Balcãs, e já fora a capital da antiga Iugoslávia. A Sérvia fazia fronteira com oito países, sendo nosso coringa, na hora de planejar a viagem por essas bandas. O país e em especial sua capital, tinha muita história para contar. A narrativa seria tão longa, que precisaríamos de uma edição única.
A cidade era dividida em antiga e nova, e também pelos rios Danúbio e Sava. A parte chamada Novi Grad, era moderna e parecia ter sido planejada, com quarteirões largos e prédios modernos. A região era bem servida de bons hotéis, e de apartamentos para locação temporária, ideal para quem viajasse em grupo ou com a família.
Eram inúmeras as atrações históricas e turísticas, e nos três dias que permanecemos, visitamos a Praça da República, a Fortaleza Kalemegdan, o Museu Nacional, e o Museu Nikola Tesla, um dos gênios mais injustiçados que existiram na história moderna. Mesmo não ganhando nenhum título, que lhe fora usurpado por Thomas Edison, fora Nikola, quem revolucionara a eletricidade no mundo. Outras criações desse gênio: o motor elétrico, a ignição elétrica de motores à gasolina e a famosa bobina de Tesla, que permitira comunicações sem fio, com rádios e televisores, sendo usada hoje em dia em nosso Wi-Fi.
Continuamos a viagem para Zagreb, a capital da Croácia, que se dividia entre Cidade Baixa e Alta, onde ficava sua Catedral, datada de 1094, chamando a atenção de vários pontos da cidade com suas torres gêmeas. O cartão postal da cidade era a Igreja de São Marcos, com seu belíssimo telhado de azulejos coloridos, formando imagens dos brasões da Croácia, Dalmácia, Eslovênia e Zagreb. No topo, estavam José, Maria e o menino Jesus e, abaixo, aparecia São Marcos, com o leão, e os Doze Apóstolos ladeando o portal.
Ainda na Praça de São Marcos, ficava o Parlamento, o Palácio do Primeiro Ministro e a Corte Constitucional. Próximo, estava o curioso Museu das Relações Rompidas, dedicado às estórias de amor desfeitas e, junto a ele, a Torre de Lotrščak e logo adiante, o Teatro Nacional. Para ter uma panorâmica da cidade, subimos até o 16º andar da Zagreb Eye, onde havia um deck de Observatório. Circundando a praça, estava a sede do Governo, onde ficava o Presidente, o Palácio do Primeiro Ministro, o Parlamento Croata, e a Corte Constitucional.
Ao longo da caminhada, encontramos a Praça Kaptol, imperdível, e com vários monumentos, entre eles a linda escultura de Sagrada Virgem Maria, cercada por quatro anjos. A bela Catedral de Assunção da Sagrada Virgem Maria, era dedicada à Virgem e também ao Rei Húngaro, Santo Estevão, segundo patrono da cidade.
Para dar uma trégua aos monumentos, fomos até a Rua Skalinska, por um caminho bem inclinado e cheio de degraus, onde ficavam alguns restaurantes, com mesinhas dispostas sobre os largos degraus, no meio da rua. Ao final da Skalinska ficava a Rua Tkalciceva, exclusiva para pedestres e a mais badalada da cidade. Na parte de trás de um dos bares, havia uma estátua em bronze, de uma mulher em trajes antigos e sombrinha na mão, era Marija Jurić Zagorka, um ícone no país. Fora a primeira mulher croata, jornalista, escritora de romances premiados e grande defensora dos direitos da mulher. Sua residência ficava na Praça do Mercado Dolac, onde estavam em exposição seus utensílios e onde havia um Centro de Estudos da Mulher. Depois, se tiver curiosidade, conheça o incrível Cemitério Mirogoj.
Saindo de Zagreb, pegamos uma excelente auto-estrada, na direção de Karlovac, seguindo as placas indicativas no rumo de Senji, Zadar, Sibenik e Split, todas ao longo da Costa da Dalmácia. Em Split, fizemos o primeiro pernoite neste trajeto. Era uma surpreendente e charmosa cidade, à beira do Adriático. Durante o dia, circulamos pelo centro antigo e pela orla. À noite, retornamos a esta área para curtir a RIVA, com seus restaurantes, cafeterias e muita movimentação. Era aqui onde a grande massa de turistas estacionava até altas horas, curtindo o agito, as músicas e o savoir vivre. Despertara nossa atenção a simpatia de seu povo, que se oferecia para ajudar o visitantes indicando, bares e restaurantes e lugares que ofereciam hospedagem em apartamentos.
No caminho entre Split e Dubrovnik, estava a bonita ilha de Hvar, que pode ser acessada pelo Ferry, e seria passeio para pelo menos um dia inteiro. Hvar Town era a parte mais conhecida da ilha e a mais visitada. A ilha não era muito acessível para idosos e pessoas com locomoção limitada, pois não existiam ruas asfaltadas (o calçamento era todo de pedra), era cheia de colinas e muitas trilhas para as praias, que tinham o terreno bem acidentado e cheio de pedregulhos.
A Praça de Santo Estevão, era uma das mais antigas da Dalmácia, e onde ficava a Catedral em homenagem ao santo. Como a praça não possuía arborização e seu calçamento era em mármore, em dias de muito sol, ela ficava insuportavelmente quente. Hvar também tinham a sua Riva, o passeio público na área central. Depois desse ponto, a caminhada também era bastante agradável, passando pela primeira praia de Hvar, a Lučica Beach, quase ao lado do Mosteiro Franciscano. Caminhando na direção da Rua Ivana Vucetica, chegava-se a Pokonji Dol, a melhor praia de Hvar. Aproveite o passeio pela ilha para conhecer a Fortaleza Espanhola, a Torre do Relógio e provar seus vinhos, o mel e a lavanda, que perfumava toda a cidade.
Prosseguindo a viagem, seguimos para a famosa Dubrovnik, também atulhada de turistas japoneses, chineses e outros de procedência dos países bálticos e do norte da Europa. A encantadora Dubrovnik era uma referência histórica e turística imperdível. Era a mais famosa da Costa da Dalmácia e por conta disso, o que não lhe faltava eram atrações históricas, a começar pelas duas principais entrada para a cidade murada: a Porta de Pìle e a Porta de Ploce, que servia de acesso para a Stradun ( Placa ), talvez a única rua plana na cidade e exclusiva para pedestres e toda pavimentada com piso de calcário, vindo da ilha de Brac. Era tão lisa e brilhante, que parecia mármore.
Passeando pela parte murada, encontrava-se a Fonte de Onófrio, que no passado abastecia a cidade com água potável; a Torre do Relógio, a Fortaleza Minceta, à esquerda na Rua Placa; a Coluna de Orlando, em homenagem ao cavaleiro herói medieval que ajudara a defender a cidade no século IX; a Igreja de São Brás, o padroeiro da cidade; e a Fortaleza de Revelin.
Fora da parte murada, encontramos o Palácio dos Reitores, o Museu de História Cultural, a Catedral que abrigava as relíquias de São Brás, e a Antiga Farmácia – localizada junto ao Monastério Franciscano e considerada a terceira mais antiga do mundo; e, o teleférico Dubrovacka Zicara, que saia de um ponto central próximo das muralhas e levava até o Monte Srd.
Encerrando nossa turnê pelos países bálticos, retornamos a Zagreb, passando pela pequena Medjugore, famosa por ter servido de cenário para o aparecimento de Nossa Senhora, para um pequeno grupo de crianças. Devia ter mais de 200 ônibus de excursões, com gente do mundo todo, atraídos pela fama de milagres proporcionados pela santa. Três observações: a enorme dificuldade para chegar a pé até o local do aparecimento da santa, os preços absurdos de tudo que estava à disposição dos visitantes, e a antipatia do pessoal local, que parecia estar incomodado com a presença de milhares de turistas.
Seguimos viagem para Zagreb, chegando a tempo de entregar o carro e ir ao aeroporto pegar um voo direto para Munich, onde permanecemos por quatro dias, impedidos de ficar por mais tempo, porque a Oktoberfest começava cinco dias mais tarde e não havia nenhuma chance de conseguirmos qualquer tipo de hospedagem. Para 2026, esperamos um dia retornar a Munich para curtir sua famosa Oktoberfest.

