LISBOA - A Gastronomia Lusitana parte 4/4
A Casa do Bacalhau - Rua do Grilo 54, 1 –
Ficava um pouco longe do centro e fora do circuito turístico, mas tinha o bacalhau como especialidade máxima: eram mais de 20 receitas fantásticas. Tinha também raridades, como língua, caras, empada… e mais todas as receitas famosas da cozinha lusitana. Ocupava as antigas Cavalariças, de um palacete do século XVIII, no Beato, com duas salas elegantes de tetos abobadados.
A Cocheira Alentejana – Rua Diário de Notícias, 74 -
Era um belo e acolhedor restaurante onde a saborosa comida alentejana era preparada com muito capricho e sabor. Oferecia uma boa carta de vinhos.
Adega da Tia Matilde - Rua da Beneficência, 77 –
Começara a funcionar em 1926, servindo comidas do mediterrâneo, européia e com destaque para as especialidades portuguesas. O atendimento era excelente! A fachada era simples, mas nada a ver com o que lhe aguardava no interior... O famoso jogador português Eusébio, fora cliente cativo. A qualidade era tanta, que orgulhosamente ostentava duas estrelas do Guide Michelin, mas ainda assim os preços eram normais.
Adega das Gravatas - Travessa do. Pregoeiro, 1 – bairro do Carnide.
Era uma tasca tipicamente portuguesa, barulhenta, com comida farta e barata. Ficava numa espécie de vila de casas, que oferecia todo o charme ao lugar. As mais de 3.000 gravatas penduradas remetiam a história do Gravatas, inaugurado em 1908. Os clientes pediam para deixar as gravatas autografadas, o que acabara virando uma tradição. As especialidades: polvo na grelha a lagareiro, posta de salmão grelhada, Naco na pedra e Robalote grelhado escaldado. O Naco na Pedra, era uma generosa porção de carne servida sobre uma pedra quente, para que o cliente a preparasse a seu gosto. As sobremesas eram de comer ajoelhado.
Adega Machado - Rua do Norte, 91 -
Era composta pelo salão principal, a Sala da Fadistagem e o terraço dentro do ambiente do Bairro Alto. No salão principal, serviam jantares à la carte, com sessões de Fado até às duas da manhã. Na Cave, ficava a Sala de Fadistagem, com degustação de petiscos e, como o nome já indicava, com o acompanhamento de fadistas, em alguns momentos da noite. Ao final do dia, no terraço da Adega Machado, se poderia tomar um copo de vinho, degustar os petiscos do chef Alexis Gregório, e ainda contar com eventuais apresentações de Fado. No terraço não tinha consumo obrigatório e também não obrigava a consumo nos espaços interiores.
As Salgaderas – Rua das Salgadeiras, 18 –
Era um restaurante requintado, instalado numa velha padaria no coração do Bairro Alto. Um dos fornos de padeiro dera lugar ao recanto mais agradável da sala de refeições. A cozinha servia excelentes iguarias regionais de todo o país. Oferecia várias opções de sobremesas. Aberto de segunda a sextas das 19.30 as 22.30h.
A Severa - Rua das Gáveas, 51 a 61 - bairro Alto -
Lisboa era a capital desse movimento cultural, que era o Fado. Eram várias as propostas que existiam para almoçar, jantar ouvindo Fado ou simplesmente para apreciá-lo, saboreando um vinho. A Severa ficava no Bairro Alto, um dos bairros mais típicos de Lisboa. Ao chegar, alguns turistas brasileiros se assustavam com a fachada simples do local, em uma ruela. No Brasil, não seria um cenário convidativo, mas aqui a realidade era outra. Como todas as construções históricas eram preservadas, não havia o luxo na parte externa. Ao cruzar a porta de entrada, seria brindado com um ambiente bonito e acolhedor, propondo que a noite seria especial. O visitante pisava em solo de muita tradição. A Severa, fora fundada em 1955, pelo casal Júlio de Barros Evangelista e Maria José de Barros Evangelista, sendo a casa de Fado mais antiga de Lisboa, que permanecia sob administração da mesma família. Já eram três gerações administrando o local.
Em seguida, escolha o seu prato. A cozinha da casa era fantástica. Quer saborear bacalhau? O bacalhau servido aqui era um dos melhores, não apenas de Lisboa, mas de todo Portugal. Enfim, chegava o momento mais esperado da noite: o show. Entravam em cena os fadistas da casa. Eram artistas de alto nível, que cantavam juntinho a sua mesa. Abria todas as noites, exceto às quartas-feiras. O show começava às 21.00h e avançava até as 2.00h, com intervalos. A cozinha fechava às 23.00h. A partir disso, eles serviam apenas bebidas. A casa lotava todas as noites e era recomendado reservar a mesa.
Cantinho do Aziz – Rua de São Lourenço, 5 - Mouraria
Para um almoço diferente e cheio de história, tudo isso ao ar livre, vá até o Cantinho do Aziz. Os pratos mais tradicionais da cozinha moçambicana eram preparados com muito tempero e dedicação. O atendimento era simpático e a esplanada na rua um bom lugar para uma refeição descontraída.
Cantinho do Avillez - Rua Duques de Bragança, 7 – Chiado -
O Chef onipresente José Avillez, comandava mais de uma dezena de endereços gastronômicos em Portugal, inclusive o Belcanto, restaurante que durante anos, fora o único duas estrelas Michelin da cidade, (posto que agora dividia com o Alma, de Henrique Sá Pessoa e a Adega da tia Matilde ). Aqui a proposta era a comfort food. O bacalhau era muito bem representado com a sua versão em lascas do lombo confitadas, servidas com migas de pão de Mafra, ovo cozido a baixas temperaturas e as famosas esferas de azeitonas. Para encerrar, peça o copinho de avelãs.
Casa da Índia – Rua do Loreto, 49 -
No bairro Chiado estava uma das tascas mais típicas da cidade, ótima opção para desfrutas as sardinhas, uma das iguarias clássicas da cidade. O clima era bem descontraído, a cerveja geladíssima e os preços bem justos. Além de frutos do mar, a casa também servia carnes grelhadas e pratos para todos os gostos. Funcionava de segunda a sábados das 9.00 às 2.00h da manhã.
Casa Portuguesa dos Pastéis de Bacalhau - Rua Augusta, 106 -
Localizado em plena Baixa da cidade, evidências da tradição lisboeta – o fado e o azulejo – esperam pelo visitante para saborear o Pastel de Bacalhau com queijo Serra da Estrela acompanhado de um cálice de vinho do Porto, convidando a apreciar a eterna arte portuguesa de Júlio Pomar, Paula Rego e Vieira da Silva. Abria das 10.00 às 21.00h. Tinha outras unidades no Elevador Santa Justa - Castelo de São Jorge – Cais do Sodré e no Museu da Cerveja.
Cervejaria Ramiro – Avenida Almirante Reis, 1-H
Um lugar para comer bem, em clima descontraído e cerveja super gelada. Assim era a Cervejaria Ramiro, famosa pelos camarões gigantes, lagostas, amêijoas à Bulhão Pato e muitos outros frutos do mar – alguns deles tão frescos que eram “pescados” do aquário do local, minutos antes do preparo. Lembre-se de fazer reserva. Tinha mesas externas.
Cervejaria Trindade - Rua Nova da Trindade, 20-C - Metrô Baixa-Chiado -
A história do prédio começara há oito séculos, quando em 1294, ali fora erguido o Convento da Santíssima Trindade dos Frades Trinos da Redenção dos Cativos. O nome surgira da vocação dos Frades, em resgatar prisioneiros cristãos das mãos dos mouros. Ao longo dos anos, a construção passara por momentos marcantes. Em 1704, fora quase toda consumida por um terrível incêndio. Em 1755, sofrera com o terrivel terremoto que castigou Portugal. E 1756, após sua reconstrução, fora cenário de novo incêndio. O fim do Convento fora decretado em 1834, com a extinção das Ordens Religiosas, em Portugal.
Em 1836, o prédio fora para as mãos de um particular, que ali fundara a primeira fábrica de cerveja em Portugal — a Fábrica de Cerveja da Trindade. A partir daí, fora um salto para surgir no local a primeira Cervejaria, que era composta por quatro salas e um pátio, que no passado servira de local ao Claustro do Convento. As duas primeiras alas, foram decoradas por volta de 1860. Na primeira ala, ficava o bar, com balcão e algumas mesas. A área era dedicada a quem desejasse apenas beber. Observe os tetos abobadados e vários painéis de azulejos que representavam símbolos maçônicos.
A partir dessa área, os espaços, cheios de antigas mesas de castanho maciço, ficavam reservados a quem desejasse uma refeição. Por se tratar de uma Cervejaria, seu clima era muito animado, com atendimento simpático e alguns garçons que se apresentavam trajados de frades. A ala logo após o bar, era onde funcionara o refeitório do Convento. Os painéis de azulejos nas paredes representavam em um lado, os quatro elementos da natureza; no outro, as estações do ano. A parte que cabia ao inverno, fora destruída no século XIX, durante a reabertura de uma antiga porta que ligava ao Claustro. Um pouco mais ao fundo, estava a Sala dos Arcos e o que restara da galeria do primeiro Claustro. Resumindo: mesmo que não seja apreciador da cerveja, não deixe de visitá-la e apreciar algo de seu enorme cardápio. A azulejaria, era um espetáculo que merecia uma apreciação detalhada. A Cervejaria Trindade abria todos os dias, das 10h.00 à 1.00h da madrugada.
Fabrica de Nata – Rua Augusta e Rua dos Restauradores -
Na Fábrica da Nata, o herói era o Pastel de Nata e todo o conceito do espaço surgira em redor dessa premissa. Num prédio centenário, que combinava a perfeição com a história do doce conventual, os pastéis eram produzidos à vista de todos e faziam parte das rotinas dos passantes. Faça uma pausa nas correrias e aproveite as acolhedoras salas da Fábrica da Nata, em pleno centro de Lisboa, ou a esplanada onde poderá recuperar todas as energias. Além do espaço em Sintra e das duas lojas em Lisboa, uma na Praça dos Restauradores e outra na Rua Augusta, era possível deliciar-se com um saboroso pastel de nata sem sair de casa faze ndo o pedido através dos aplicativos Uber Eats e Glovo.
Mercado da Ribeira - Avenida 24 de Julho, 49 - Cais do Sodré –
Desde que fora renovado, com Curadoria da revista Time Out, o Mercado da Ribeira se tornara parada quase obrigatória para quem visitava Lisboa. Realmente, a possibilidade de sentar num só lugar e provar tudo o que a cozinha portuguesa poderia oferecer, era irresistível. Funcionava de domingo a quarta, das 10.00 as 24.00h, e de quinta a sábado das 10.00 às 02:00 horas.
Padaria São Roque – Rua Dom Pedro V, 57 - esquina Rua da Rosa -
Situada entre os bairros do Príncipe Real e Bairro Alto, fazia parte da Panificação Reunida de São Roque, Ltda. fora fundada em 1961 para reunir num só local 7 padarias menores que se encontravam espalhadas por estas zonas da capital lisboeta. Atualmente era conhecida como a Catedral do Pão ou Padaria Patriarcal instalada num espaço pequeno, suficiente para aconchegar 10 mesas e um balcão semicircular, onde muitos lisboetas e turistas fazem fila para comprar pão, filhoses, rabanadas e o tradicional Tronco de Natal, tomar o café da manhã, beber um simples café, ou provar a famosa Broa de Coimbra, que era o único local em Lisboa onde se poderia encontrá-la. Ocupava parte do prédio do antigo Palácio dos Salemas e tinha um interior maravilhoso. Abria das 7.00 às 22.00h.
Restaurante Tavares - Rua da Misericórdia, 37 - Chiado -
Era frequentado por celebridades portuguesas e internacionais, no passado e no presente, e exibia com orgulho os títulos de restaurante mais antigo de Portugal e o quarto mais antigo do mundo. Sua história começara em 1784, mas fora apenas em 1861 que o ambiente ganhara o extremo requinte que ostentava. O luxo, o requinte e extremo bom gosto, surgiam logo ao cruzarmos a porta de entrada, com a decoração em estilo palaciano, com inúmeros detalhes pintados em ouro. No espaço principal, havia um relógio acima de um aparador e espelho, que a princípio, parecia ser mais um relógio. Entretanto, ele fora citado no romance Os Maias, de Eça de Queiroz, e por conta disso fazia parte da estória do restaurante.
Além de Eça de Queiroz, passaram pelo Tavares o escritor Camilo Castelo Branco, a fadista Mariza, o Rei Abdullah II (Jordânia), o ator americano Gary Grant, o escritor Ernest Hemingway, a cantora Madonna, a fadista Amália Rodrigues, o Primeiro-ministro de Portugal Sá Carneiro e o estilista Jean Paul Gaultier, dentre os vários outros nomes que enobreciam o livro de visitas do restaurante. As mesas eram marcadas em homenagem a essas e outras celebridades que passaram por aqui. Por isso, ao fazer uma reserva, poderia escolher, de acordo com uma dessas pessoas que admirasse. Com um nível desses, o atendimento só poderia ser primoroso. Seus profissionais eram extremamente atenciosos, simpáticos, educados, dedicados. Abria de segunda-feira a sábado, das 19.30 as 23.00h. Se poderia afirmar que era um legítimo cinco estrelas!
Diferentes restaurantes de Lisboa
Os melhores restaurantes secretos de Lisboa era um conjunto de estabelecimentos individuais e privados que continuavam a funcionar da mesma forma como foram concebidos há 70 anos ou mais. Estes restaurantes propunham uma experiência da melhor gastronomia portuguesa, que a cidade tinha para oferecer, longe das multidões e onde a única base de dados, era a dos vizinhos. Esqueça o Tripadvisor, a pontuação do Yelp e os sites em inglês. Estes lugares eram aqueles que se deveria aconselhar aos amigos que vinham visitar Lisboa, pois mais ninguém fornecia comida portuguesa tão autêntica.
O turismo de Lisboa continuava crescente. Desde 2010, Portugal passara de uma escolha secundária (ou terciária), a destino prioritário e mais cool da Europa para os viajantes. Era a cidade da luz, o sonho dos prédios pintados de branco, das ruas estreitas, dos incontáveis mirantes, com música a tocar em cada esquina e uma linha de horizonte que colocava Roma e Florença no chinelo. Este boom de viajantes, com destino a Lisboa tinha levado a um aumento e a uma diversificação substancial da oferta turística. No entanto, algumas coisas mantiam-se na mesma. E ainda bem...
A Baiuca - Rua de São Miguel, 20 - Alfama -
Se quiser conhecer Lisboa, na sua pureza gastronômica absoluta, este era o lugar. Este pequeno restaurante (só tinham 7 mesas), gerido e administrado por uma mesma família, há mais de 40 anos, sua decoração mantinha-se a mesma desde então. A comida era simples e despretensiosa, com pratos como o guisado de tamboril e peixe grelhado na brasa. A sua característica mais atraente era o Fado, protagonizado por uma senhora, com dois ou três guitarristas como acompanhantes.
A Floresta do Salitre – Rua do Salitre, 42-D –
Servia excelentes filés e ótimos grelhados. Era um ambiente descontraído e acolhedor, com preço bom e com um serviço impecável. Experimente a Garrafeira!
Bota Feijão - Rua Conselheiro Lopo Vaz, 5 -
Estava localizado no bairro de Moscavide, muito próximo da Ponte Vasco da Gama, sua especialidade era o leitão à moda da Bairrada, considerada uma da 7 Maravilhas da Cozinha Portuguesa. Temperado com uma pasta de sal e pimenta, o bichinho era assado em um forno à lenha, durante pelo menos umas duas horas. Dizem que era outro de se comer ajoelhado!
Cantinho Lusitano - Rua dos Prazeres, 52 -
Situado na confusão do bairro hippie-chic do Príncipe Real e a um passo da Assembleia da República, situava-se o Cantinho Lusitano, a epifania lisboeta dos petiscos típicos portugueses e do bom vinho. Era um espaço sóbrio e bem iluminado, com lugar para 20 pessoas sentadas, sendo obrigatório reservar. Peça os pratos do dia e experimente uma seleção de queijos e embutidos, salada de favas com cominho, pataniscas com arrozinho de feijão e muitas outras delícias portuguesas. Para a sobremesa experimente o queijo com doce de abóbora.
Casa dos Ovos Moles - Calçada da Estrela, 142 -
A Confeitaria merecia uma visita. Estava situada na Calçada da Estrela (perto do jardim e da Basílica), e prometia fazer as delícias dos mais gulosos, numa loja inteiramente dedicada aos doces conventuais: ovos moles de Aveiro, pão de ló, queijadas, Dom Rodrigos, barrigas de freira... Se leva ovos e açúcar e se a receita tinha muitos anos de existência, provavelmente encontraria aqui. Vinhos e licores também estavam à disposição na elegante Confeitaria.
Laurentina - Rei do Bacalhau - Avenida Conde Valbon, 71-A -
Enquanto aguardava pela refeição, aproxime-se do bar e inície os trabalhos. Tinha dois salões com ar condicionado e capacidade para 80 e 100 pessoas, respectivamente. Pelo nome dava para imaginar que esta casa que abrira em 1976, oferecia todos os tipos de pratos de bacalhau. Aos fins de semana, o pessoal da terrinha invadia o Laurentina, que agora era administrado por um dos filhos do proprietário. O estacionamento ficava por conta da casa e, deveria ser feito nos Parques Valbom ou Berna. Ao pagar a conta, receberia um voucher para o estacionamento. Às quintas-feiras oferecia Fado ao vivo.
Manteigaria - Bairro Alto ou TimeOut Market -
Era difícil achar um pastel de nata ruim, mas os da Manteigaria se superavam na delícia. Não importa a hora que chegar, sempre haveria pastéis quentinhos, prontos para derreterem na sua boca! Turistas e lisboetas concordavam: era sim um dos melhores pastéis de Lisboa!
Marisqueira Nunes - Rua Bartolomeu Dias, 120 - Belém -
Esqueça a multidão e as filas de duas horas da Cervejaria Ramiro. O novo hostspot em Lisboa para comer marisco, era a Marisqueira Nunes. Ficava no coração de Belém, o foco cultural de Lisboa e preenchia todos os requisitos. Os mariscos e os pescados eram do mais fresco que havia, o Chef estava concentrado em cozinhar pratos portugueses da mais elevada qualidade, a cerveja de pressão era gelada e não havia filas à porta. Era também um dos poucos lugares em Lisboa, onde se vendiam lapas e bruxas (uma lagosta que só havia, normalmente, na costa dos Açores). Gambas gigantes ao alho era obrigatório, e o arroz de lagosta seria também uma boa escolha.
Merendinha do Arco - Rua dos Sapateiros, 230 -
Ficava junto ao Arco do Rossio, e era, de alguns anos para cá, uma das tascas preferidas dos turistas. Era famosa por preparar o melhor peixe-espada grelhado no carvão, servido acompanhado de um reconfortante arroz de feijão. Era um espaço pequeno e que apenas contava com os objetos que o dono tinha colecionado ao longo dos 30 anos de atuação à frente do negócio, servindo de decoração ambiental. Tinha lugar sentado para 30 pessoas, divididas por 3 mesas comuns, que estavam sempre cheias dos locais, e por isso, às vezes não havia muito espaço para mexer os braços nas horas de almoço. Veja quais eram os pratos do dia, que normalmente incluiam bacalhau com grão, guisado de vitela e legumes, bochechas de porco preto, e vinho verde da casa, para acompanhar a sua refeição. No final, todos tinham direito a um shot de licor envelhecido de uva destilada.
O Faia – Rua da Barroca, 54 -
Era uma Casa de Fados confortável e ampla, com decoração típica e onde se poderia apreciar o Fado enquanto experimentava pratos tradicionais portugueses, sempre muito bem preparados.
Restaurante João do Grão - Rua dos Correeiros 222 -
O bacalhau era sua especialidade, e ganhara a lealdade dos lisboetas não só pelo prato costumeiro e bem elaborado, mas por ter sido porto de abrigo para uma boêmia que desaguava na Baixa. Ficava aberto durante as 24 horas. Não fechava nem esmorecia. O próprio João do Grão, um galego, era uma figura envolta em lendas e estórias populares. No rótulo do vinho branco e vinho tinto da casa, lia-se restaurante centenário, mas o que se sabia era que a passagem para o atual endereço, só teria acontecido no início do século passado. Os pratos eram vários e quase todos eram variações maravilhosas do bacalhau. Altamente recomendado!
Solar dos Presuntos - Junto ao Elevador do Lavra - Rua das Portas de Santo Antão, 150 -
Era um tradicional restaurante da Baixa Lisboeta, que abrira as portas em 1974 e seguia sendo um clássico da Rua das Portas de Santo Antão. Para abrir os trabalhos, peça pastéis de bacalhau e uma boa versão de pataniscas (lascas fritas com uma massinha de farinha e ovos), acompanhadas de arroz de feijão. A grande especialidade da casa era o bacalhau assado à portuguesa.
Tasca do Vigário - Rua do Vigário, 18 - Santo Estevão -
Era uma pequena tasca, com quatro ou cinco pratos do dia a preços imbatíveis. Era um bom lugar para ir quando estivesse visitando o bairro de Alfama. Ficava muito perto do da Feira da Ladra, do Panteão e da bonita Rua dos Remédios. Se chegasse depois do meio-dia encontraria uma enorme fila, por isso não se atrase! Tratava-se de uma bela imersão na vida lisboeta. Boa comida e gente simpática. As doses eram extremamente generosas e a carne era macia e saborosa. Propunha um cozido à portuguesa surpreendente. O preço médio de uma refeição com vinho, era de 12 Euros por pessoa.
Tasquinha do Lagarto - Campolide, 273 -
Ficava fora do centro turístico, mas era o máximo da cozinha portuguesa feita com seriedade, no seio de uma capital cheia de conceitos gastronômicos insípidos e que estavam na moda. A falta de menção turística, não parecia incomodar os clientes, que até agradeciam por poder usufruir de um espaço exclusivo. Um dos pratos mais saborosos era a vitela assada com batatas e brócolis. Outro recomendado, era arroz de garoupa. Os donos eram oriundos do Norte de Portugal, por isso recebiam com uma calorosa boas-vindas e uma taça do tradicional vinho verde.
Taberna do Lis – Rua dos Douradores, 142 – Baixa
Era parte integrante do Hotel Lis Baixa servia alguns dos melhores pratos com bacalhau. O clima era aconchegante, com mesas no interior do bonito estabelecimento ou diretamente na calçada. O valor é um pouco mais alto do que as tascas da região, mas a qualidade compensa. Os horários para as refeições eram das 7.30 às 10.30 para café da manhã, das 12.00 às 16.30 para almoço e das 18.00 às 22.30h para jantar.
Zé dos Cornos - Beco dos Surradores, 5 -
O nome curioso deste local vinha de um caso extraconjugal, que o pai do atual dono tivera em tempos idos. O lugar ficava tão escondido, que só alguns locais o conheciam. O menu consistia basicamente em carne e peixe grelhados no carvão, sendo que a recomendação ia para o bacalhau e as costeletas de suíno. Mas o que marcava mesmo este lugar era a bifana. Na versão gastronômica portuguesa, este lombo de suíno braseado no pão, era comido religiosamente com mostarda e era encontrado pelo país à fora. O vinho da casa vinha das uvas do Senhor João, o dono, por isso prepare-se para descobrir alguns sabores vínicos do Portugal tradicional.
Varina da Madragoa - Rua das Madres, 34 -
Era conhecida por servir as melhores pataniscas - e eram mesmo!. O peixe também era uma boa opção, especialmente o bacalhau, que vinha grelhado na perfeição: pele crocante comestível com um recheio translúcido, junto ao osso. Se estiver perto do Museu de Arte Antiga ou ao quarteirão da Madragoa, não perca este local, pois era charmoso, tinha comida típica e uma cozinha séria e autentica, a um preço considerado normal.
Zé da Mouraria - Rua João do Outeiro, 24 -
Não iria encontrar uma seta indicando este restaurante, mas veria uma fila de espera. Então, procure chegar antes do meio-dia. Era um pequeno restaurante, que ficava ao virar da esquina da primeira paragem do Elétrico nº 28. Era um dos favoritos entre os taxistas portugueses, por isso sabia-se que a comida era boa, havendo muita variedade e quase nenhum turista. Não se surpreenda ao entrar e ver pessoas comendo lulas e batatas, numa taça metálica gigante. Uma dose alimenta quatro pessoas. As lulas eram tão tenras e o seu sabor era mesmo irreal!
Alguns pratos típicos de Portugal
Açorda de marisco -
Era outra das sopas mais pedidas nos restaurantes lisboetas. Reunia basicamente os seguintes ingredientes: mariscos, pão e alho.
Bacalhau com grãos
Conheça um dos pratos mais apreciados da gastronomia local. O bacalhau era o rei nesta iguaria reconfortante, deliciosa e servida em quase todos os restaurantes da cidade. A meia desfeita de bacalhau, era um prato tradicionalmente lisboeta. Suas origens eram nebulosas, ao contrário do consumo do peixe mais icônico em Portugal. Já pescado na Dinamarca, desde o século XIV, tornara-se o alimento nacional do regime português no século XX. Aqui, o bacalhau, lascado misturava-se com o grão de bico cozido e eram acompanhados com cebola, salsa e alho picados e, finalmente, polvilhados com colorau e regados com um molho de azeite, vinagre e pimenta.
Bifana no pão
A proposta Fast food portuguesa era a bifana no pão. Não era nada elaborado: um bife de carne de suíno frita, servida dentro do pão com um molho apetitoso, e mais nada. Cada lugar tinha o seu segredinho para deixar esse sanduba mais saboroso.
Broa
Era outra comida típica, tratava-se de um pão de milho e centeio. Normalmente era servido como entrada das refeições ou então poderia comparecer ralado em cima de peixes como o bacalhau.
Caldo Verde
Feito à base de couve galega (também conhecida como couve portuguesa), purê de batata e azeite, o caldo verde era uma das sopas mais populares do país. Criada na região norte, a receita também levava algumas rodelas de chouriço, que garantiam um sabor especial. Além de ser perfeito para deixar as noites de inverno ainda mais agradáveis – principalmente quando consumido com um bom vinho tinto –, o prato figurava entre as comidas típicas de grandes celebrações culturais, como as festas juninas lusitanas. Também era muito usado como entrada.
Carne de suíno à Alentejo
A carne de suíno era muito consumida em todo o país, mas um dos pratos mais famosos era a carne de suíno à moda do Alentejo. Era preparada com amêijoas (um tipo comum de molusco), carne de suíno, colorau, louro, vinho e alho, entre outros temperos. A carne era frita e servida misturada com as amêijoas já cozidas. O prato final poderia ainda ser polvilhado com coentro, acompanhado de batatas fritas cortadas em cubos e limão em fatias ou suco. Um restaurante recomendado para provar este prato era a Tasca Primavera.
Cavacas de Resende
Era um prato oriundo do norte de Portugal, mais precisamente da terra das cerejas. Levavam apenas 3 ingredientes: ovos, açúcar e farinha. Mas não se deixe enganar, a simplicidade da mistura tinha um segredo que só o pessoal da região conhecia. O certo era que ficava muito delicioso ao final.
Cozido à portuguesa
Apesar de ser encontrado nos restaurantes portugueses a qualquer época do ano, o cozido à portuguesa era o prato oficial do Domingo Gordo, que antecedia a terça-feira de Carnaval. A receita consistia na mistura de diferentes tipos de carnes (boi, suíno e frango) e embutidos, como chouriços e morcilhas. Antes de serem cortadas em rodelas e pedaços pequenos, eram cozidas em uma panela com água, que também levava ingredientes como cenoura, nabo, batata, couve, cebola e feijão. Alguns restaurantes aproveitam o caldo da receita para cozinhar o arroz branco que a acompanhava.
Choco frito de Setubal
Era um dos melhores pratos típicos da região de Lisboa. Experimente o choco frito, motivo de romaria a Setúbal, onde esta especialidade gastronômica fora criada. Conheça o tradicional choco frito, servido com batatas fritas e salada, para dar ainda mais sabor aos dias de praia, na Arrábida e aos passeios no Rio Sado. Mas a verdade era que nesta terra de sobreviventes a ocupações, disputas e sismos, o choco tinha muitas vezes de ser importado. Os chocos locais eram demasiado pequenos e não chegavam para os milhares de pessoas que, diariamente, procuravam este prato singular. O choco era envolto numa polme fina e regada com suco de limão, era uma das especialidades regionais que não se poderia deixar de provar quando visitar esta cidade pesqueira única, na Arrábida.
Cozido à Portuguesa
Muitos portugueses consideram este o grande prato tradicional do país, e não o bacalhau. Havia muitas maneiras de se preparar a receita ao longo do país, e entre os ingredientes estavam: feijão, batata, couve, cenoura, nabo, frango, partes de suíno e de boi, chouriço de carne e morcilha, entre outros. Era um cozido de legumes, carnes e embutidos, um prato forte e de sabor intenso e, quase sempre era servido somente no almoço! O Solar dos Nunes, era um restaurante que preparava muito bem este cozido.
Favas do Alentejo
Era mais uma das especialidades da culinária alentejana: as favas fresquinhas. A cada garfada, uma sensação diferente. Eram temperadas com hortelã, coentro e colorau, o que mostrava bem a influência da culinária árabe nesta região.
Francesinha
Era composta por duas fatias de pão de forma, cobertas com queijo e recheadas com carne (de suíno ou de gado), linguiça, salsicha e mais queijo um molho picante de pimenta Piri-piri. Atualmente, existiam várias adaptações da francesinha, que poderia ser servida sozinha, com batatas fritas, ovos fritos ou mariscos.
Leitão
Quem gostasse de carne suína se daria bem quando viesse a Portugal. As receitas de leitão mais populares prestavam homenagem ao nome das regiões onde foram criadas: Alentejo e Bairrada. O leitão à moda alentejana era servido em cubos, com batatas, cebola e um molho de vinho branco e pimentão com mariscos. O leitão à bairrada, era tradição entre os portugueses desde o século XVIII, era temperado com alho, sal, pimenta, azeite, manteiga e louro, colocado num espeto e assado numa churrasqueira, ou nos típicos fornos a lenha bairradinos. Alguns restaurantes desfiavam a carne de leitão para usá-la no recheio de deliciosos bolinhos fritos.
Pastel de Belém (ou de nata)
Em 1837, os monges do Mosteiro dos Jerônimos, no bairro de Belém, começaram a produzirr o pastel de nata, doce mais famoso de Portugal. O objetivo era vender a sobremesa em uma loja local e usar os lucros como forma de sustento, já que os Conventos e Mosteiros do país passavam por uma situação crítica, após a Revolução Liberal de 1820. Até hoje, a Antiga Confeitaria de Belém, única a possuir a receita secreta do tradicional pastel, acumulava filas de clientes diariamente. Em todas as outras Confeitarias e Cafés pelo país, a iguaria era chamada de pastel de nata. As principais sobremesas portuguesas levavam gemas de ovos, como o Travesseiro de Periquita, ovos moles, fios de ovos e Brisa-do-lis. As receitas surgiram nas cozinhas dos Conventos e segundo os registros, as freiras usavam as claras para engomar roupas e aproveitavam as gemas para fazer os doces.
Pataniscas e Pastéis de Bacalhau -
Também tendo o bacalhau como ingrediente principal, eram duas formas diferentes de comer este peixe, seja como aperitivo, lanche ou prato principal.
Polvo a Lagareiro
Os moluscos estavam muito presentes na culinária portuguesa. Assim como o bacalhau, também poderia ser preparado de diversas formas, mas à Lagareiro era certamente o mais apreciado. Os tentáculos eram assados no forno com bastante azeite, alho, cebola, folha de louro e sal e para acompanhar, umas batatas aos murros.
Punheta de Bacalhau
Era como se fosse um ceviche de bacalhau. Era servida como entrada e acompanhado de pão. Era feita com o bacalhau cru, cebolas, alho, azeite e salsinha. Entre as pratos típicos mais populares, estavam o bacalhau à Zé do Pipo (com cebolas, leite, maionese, azeite, louro e purê de batata), à Bras (com batata, ovos, cebola, azeite, pimenta e salsa) e à Gomes de Sá (com azeitonas pretas, ovos cozidos, alho, cebola, azeite e salsa). Outra pedida popular era o bacalhau à Lagareiro, mergulhado no azeite com batatas, cebola e alho.
Queijadas de Sintra
A Confeitaria Piriquita, que ficava no coração de Sintra, tinha as melhores e mais tradicionais queijadas do país. O doce era uma tortinha feita com ovo e requeijão, uma mistura que não parecia muito sugestiva à primeira vista, mas o resultado final era sensacional.
Queijo Serra da Estrela
Feito com leite de ovelha, este queijo era outra iguaria, que era cultivado na Serra da Estrela. Envolto de uma casquinha fina, era cremoso por dentro. Era perfeito para passar em pães e torradas, para acompanhar um cafezinho quente. Era encontrado por todo o país mas se quizesse experimentá-lo na região de origem, vá até Covilhã e Guarda, que ficavam ao leste da Serra da Estrela.
Queijo de Azeitão
Esse queijo era tradicional da região de Azeitão, no Distrito de Setúbal ( sul do país ). Era um queijo com denominação de origem protegida e elaborado com leite de ovelha.
Sardinhas assadas
As sardinhas na brasa eram um dos mais representativos pratos da culinária portuguesa, e era incrível como algo tão simples ganhara adeptos no mundo inteiro. Saboreadas sobre uma fatia de pão, ou com pimentos grelhados e batatas cozidas como acompanhamento, não havia mês no Verão em que o seu cheiro delicioso não fosse sentido pelas ruas de Lisboa. As sardinhas assadas mais famosas eram as de Setúbal, mas era nas ruas da capital que se saboreava a qualquer momento, principalmente durante as Festas dos Santos Populares. Os vários bairros tradicionais, colocavam assadores nas ruas e quem passeava e ouvia música, poderia beber um copo, cantar uma música e comer umas sardinhas, para entrar no espírito local. No prato ou no pão, valia provar esta especialidade única, que representava para muitos, os dias de verão. O restaurante O Carvoeiro, era um dos que melhor preparavam as sardinhas na brasa.