LISBOA - A Gastronomia Lusitana - parte 4/5
A Casa do Bacalhau - Rua do Grilo 54, 1 –
Ficava um pouco longe do centro e fora do circuito turístico, mas tinha o bacalhau como especialidade máxima: eram mais de 20 receitas fantásticas. Tinha também raridades, como língua, caras, empada… e mais todas as receitas famosas da cozinha lusitana. Ocupava as antigas Cavalariças, de um palacete do século XVIII, no Beato, com duas salas elegantes de tetos abobadados.
A Cocheira Alentejana – Rua Diário de Notícias, 74 -
Era um belo e acolhedor restaurante onde a saborosa comida alentejana era preparada com muito capricho e sabor. Oferecia uma boa carta de vinhos.
Adega da Tia Matilde - Rua da Beneficência, 77 –
Começara a funcionar em 1926, servindo comidas do mediterrâneo, européia e com destaque para as especialidades portuguesas. O atendimento era excelente! A fachada era simples, mas nada a ver com o que lhe aguardava no interior... O famoso jogador português Eusébio, fora cliente cativo. A qualidade era tanta, que orgulhosamente ostentava duas estrelas do Guide Michelin, mas ainda assim os preços eram normais.
Adega das Gravatas - Travessa do. Pregoeiro, 1 – bairro do Carnide.
Era uma tasca tipicamente portuguesa, barulhenta, com comida farta e barata. Ficava numa espécie de vila de casas, que oferecia todo o charme ao lugar. As mais de 3.000 gravatas penduradas remetiam a história do Gravatas, inaugurado em 1908. Os clientes pediam para deixar as gravatas autografadas, o que acabara virando uma tradição. As especialidades: polvo na grelha a lagareiro, posta de salmão grelhada, Naco na pedra e Robalote grelhado escaldado. O Naco na Pedra, era uma generosa porção de carne servida sobre uma pedra quente, para que o cliente a preparasse a seu gosto. As sobremesas eram de comer ajoelhado.
Adega Machado - Rua do Norte, 91 -
Era composta pelo salão principal, a Sala da Fadistagem e o terraço dentro do ambiente do Bairro Alto. No salão principal, serviam jantares à la carte, com sessões de Fado até às duas da manhã. Na Cave, ficava a Sala de Fadistagem, com degustação de petiscos e, como o nome já indicava, com o acompanhamento de fadistas, em alguns momentos da noite. Ao final do dia, no terraço da Adega Machado, se poderia tomar um copo de vinho, degustar os petiscos do Chef Alexis Gregório, e ainda contar com eventuais apresentações de Fado. No terraço não tinha consumo obrigatório e também não obrigava a consumo nos espaços interiores.
As Salgaderas – Rua das Salgadeiras, 18 –
Era um restaurante requintado, instalado numa velha padaria no coração do Bairro Alto. Um dos fornos de padeiro dera lugar ao recanto mais agradável da sala de refeições. A cozinha servia excelentes iguarias regionais de todo o país. Oferecia várias opções de sobremesas. Aberto de segunda a sextas das 19.30 as 22.30h.
A Severa - Rua das Gáveas, 51 a 61 - bairro Alto -
Lisboa era a capital desse movimento cultural, que era o Fado. Eram várias as propostas que existiam para almoçar, jantar ouvindo Fado ou simplesmente para apreciá-lo, saboreando um vinho. A Severa ficava no Bairro Alto, um dos bairros mais típicos de Lisboa. Ao chegar, alguns turistas brasileiros se assustavam com a fachada simples do local, em uma ruela. No Brasil, não seria um cenário convidativo, mas aqui a realidade era outra. Como todas as construções históricas eram preservadas, não havia o luxo na parte externa. Ao cruzar a porta de entrada, seria brindado com um ambiente bonito e acolhedor, propondo que a noite seria especial. O visitante pisava em solo de muita tradição. A Severa, fora fundada em 1955, pelo casal Júlio de Barros Evangelista e Maria José de Barros Evangelista, sendo a casa de Fado mais antiga de Lisboa, que permanecia sob administração da mesma família. Já eram três gerações administrando o local.
Em seguida, escolha o seu prato. A cozinha da casa era fantástica. Quer saborear bacalhau? O bacalhau servido aqui era um dos melhores, não apenas de Lisboa, mas de todo Portugal. Enfim, chegava o momento mais esperado da noite: o show. Entravam em cena os fadistas da casa. Eram artistas de alto nível, que cantavam juntinho a sua mesa. Abria todas as noites, exceto às quartas-feiras. O show começava às 21.00h e avançava até as 2.00h, com intervalos. A cozinha fechava às 23.00h. A partir disso, eles serviam apenas bebidas. A casa lotava todas as noites e era recomendado reservar a mesa.
Belcanto – Rua Serpa Pinto, 10-A - Chiado
Tinha uma excelente localização no Bairro Alto era popular entre os turistas, numa esquina perto de um antigo Convento danificado pelo grande terremoto em 1755. No restaurante gourmet vitrine do seu império culinário, o renomado Chef José Avillez oferecia uma proposta moderna à la carte e um menu único de degustação intitulado Belcanto que levava os hóspedes numa viagem de descoberta gastronômica, numa sala dividida em diferentes espaços, ao lado de uma mesa do Chef na cozinha. Avilez recriava receitas que evocam as memórias de infância, como o clássico arroz-doce da nossa avó, que apresentava uma iguaria sublime e um sabor verdadeiramente especial. Curiosamente, o guardanapo fornecido para a sobremesa tinha o formato de uma manga, lembrando a maneira como o Chef uma vez limpara a boca na manga quando criança! – Ainda mais, ostentava 2 estrelas Michelin.
Bom Bom Patisserie – Rua Professor Sousa da Câmara, 128 Loja E -
Instalada no térreo de um prédio de apartamentos, acomodava até 40 pessoas e recebia abundante luz natural, mas era preciso estar atento para localizá-la numa rua nos fundos do Hotel Dom Pedro. O design, criado em parceria com o StudioBom e em linha com a identidade visual desenvolvida pelo designer Afonso Almeida, dita o tom cool e alegre do espaço. Ancorada no savoir-faire francês, o preparo diário era liderada pela pasteleira Juliette Bayen, formada na École Ducasse. Não faltavam manteigas francesas e ingredientes premium, como o chocolate Valrhona.
Cantinho do Aziz – Rua de São Lourenço, 5 - Mouraria
Para um almoço diferente e cheio de história, tudo isso ao ar livre, vá até o Cantinho do Aziz. Os pratos mais tradicionais da cozinha moçambicana eram preparados com muito tempero e dedicação. O atendimento era simpático e a esplanada na rua um bom lugar para uma refeição descontraída.
Cantinho do Avillez - Rua Duques de Bragança, 7 – Chiado -
O Chef onipresente José Avillez, comandava mais de uma dezena de endereços gastronômicos em Portugal, inclusive o Belcanto, restaurante que durante anos, fora o único duas estrelas Michelin da cidade, (posto que agora dividia com o Alma, de Henrique Sá Pessoa e a Adega da tia Matilde ). Aqui a proposta era a comfort food. O bacalhau era muito bem representado com a sua versão em lascas do lombo confitadas, servidas com migas de pão de Mafra, ovo cozido a baixas temperaturas e as famosas esferas de azeitonas. Para encerrar, peça o copinho de avelãs.
Casa da Índia – Rua do Loreto, 49 -
No bairro Chiado estava uma das tascas mais típicas da cidade, ótima opção para desfrutas as sardinhas, uma das iguarias clássicas da cidade. O clima era bem descontraído, a cerveja geladíssima e os preços bem justos. Além de frutos do mar, a casa também servia carnes grelhadas e pratos para todos os gostos. Funcionava de segunda a sábados das 9.00 às 2.00h da manhã.
Casa Portuguesa dos Pastéis de Bacalhau - Rua Augusta, 106 -
Localizado em plena Baixa da cidade, evidências da tradição lisboeta – o fado e o azulejo – esperam pelo visitante para saborear o Pastel de Bacalhau com queijo Serra da Estrela acompanhado de um cálice de vinho do Porto, convidando a apreciar a eterna arte portuguesa de Júlio Pomar, Paula Rego e Vieira da Silva. Abria das 10.00 às 21.00h. Tinha outras unidades no Elevador Santa Justa - Castelo de São Jorge – Cais do Sodré e no Museu da Cerveja.
Cervejaria Ramiro – Avenida Almirante Reis, 1-H
Um lugar para comer bem, em clima descontraído e cerveja super gelada. Assim era a Cervejaria Ramiro, famosa pelos camarões gigantes, lagostas, amêijoas à Bulhão Pato e muitos outros frutos do mar – alguns deles tão frescos que eram pescados do aquário do local, minutos antes do preparo. Lembre-se de fazer reserva. Tinha mesas externas.
Cervejaria Trindade - Rua Nova da Trindade, 20-C - Metrô Baixa-Chiado -
A história do prédio começara há oito séculos, quando em 1294, ali fora erguido o Convento da Santíssima Trindade dos Frades Trinos da Redenção dos Cativos. O nome surgira da vocação dos Frades, em resgatar prisioneiros cristãos das mãos dos mouros. Ao longo dos anos, a construção passara por momentos marcantes. Em 1704, fora quase toda consumida por um terrível incêndio. Em 1755, sofrera com o terrível terremoto que castigara Portugal. E 1756, após sua reconstrução, fora cenário de novo incêndio. O fim do Convento fora decretado em 1834, com a extinção das Ordens Religiosas, em Portugal.
Em 1836, o prédio fora para as mãos de um particular, que ali fundara a primeira fábrica de cerveja em Portugal — a Fábrica de Cerveja da Trindade. A partir daí, fora um salto para surgir no local a primeira Cervejaria, que era composta por quatro salas e um pátio, que no passado servira de local ao Claustro do Convento. As duas primeiras alas, foram decoradas por volta de 1860. Na primeira ala, ficava o bar, com balcão e algumas mesas. A área era dedicada a quem desejasse apenas beber. Observe os tetos abobadados e vários painéis de azulejos que representavam símbolos maçônicos.
A partir dessa área, os espaços, cheios de antigas mesas de castanho maciço, ficavam reservados a quem desejasse uma refeição. Por se tratar de uma Cervejaria, seu clima era muito animado, com atendimento simpático e alguns garçons que se apresentavam trajados de frades. A ala logo após o bar, era onde funcionara o refeitório do Convento. Os painéis de azulejos nas paredes representavam em um lado, os quatro elementos da natureza; no outro, as estações do ano. A parte que cabia ao inverno, fora destruída no século XIX, durante a reabertura de uma antiga porta que ligava ao Claustro. Um pouco mais ao fundo, estava a Sala dos Arcos e o que restara da Galeria do primeiro Claustro. Resumindo: mesmo que não seja apreciador da cerveja, não deixe de visitá-la e apreciar algo de seu enorme cardápio. A azulejaria, era um espetáculo que merecia uma apreciação detalhada. A Cervejaria Trindade abria todos os dias, das 10h.00 à 1.00h da madrugada.
Confeitaria Nacional – Praça da Figueira
A primeira receita do Pastel de Nata da Confeitaria Nacional, fazia parte das receitas do fundador, Balthazar Castanheiro, sendo uma das mais antigas e tradicionais receitas de Pastéis de Nata de Lisboa. A sua simplicidade e o seu sabor tornam o Pastel de Nata um produto único que merecia devoção antes provar: primeiro era preciso observá-lo, depois sentir a massa estaladiça nos dedos e por último, dar a primeira abocanhada para que se revelasse seu creme aveludado.
Fabrica de Nata – Rua Augusta e Rua dos Restauradores -
Aqui o destaque era o Pastel de Nata e todo o conceito do espaço surgira em redor dessa premissa. Num prédio centenário, que combinava a perfeição com a história do doce conventual, os pastéis eram produzidos à vista de todos e faziam parte das rotinas dos passantes. Faça uma pausa nas correrias e aproveite as acolhedoras salas da Fábrica da Nata, em pleno centro de Lisboa, ou a esplanada onde poderá recuperar todas as energias. Além do espaço em Sintra e das duas lojas em Lisboa, uma na Praça dos Restauradores e outra na Rua Augusta, era possível deliciar-se com um saboroso pastel de nata sem sair de casa fazendo o pedido através dos aplicativos Uber Eats e Glovo.
Maison Luce - Rua Alexandre Herculano, 15 -
Muito trabalho, responsabilidade, espírito empreendedor e um otimismo visceral, forjados durante a Segunda Guerra, foram os valores que a avó de Julien Letartre lhe transmitira e que hoje permeavam a equipe de colaboradores, tratados como da família. A Maison traduzia também o cuidado artesanal do preparo dos pães e bolos que recheavam as prateleiras e vitrines da loja, em mármore e madeiras naturais. Nos pães, todos de massa-mãe e com 24h de fermentação, o principal era o Luce, cuja farinha vinha da zona saloia, e que levava sementes de abóbora e sementes de cereais na cobertura. Abria de segunda a sexta das 7.30 às 20.00h e nos fins de semana abria das 8.00 às 18.00h.
Mercado da Ribeira - Avenida 24 de Julho, 49 - Cais do Sodré –
Desde que fora renovado, com Curadoria da revista Time Out, o Mercado da Ribeira se tornara parada quase obrigatória para quem visitava Lisboa. Realmente, a possibilidade de sentar num só lugar e provar tudo o que a cozinha portuguesa poderia oferecer, era irresistível. Funcionava de domingo a quarta, das 10.00 as 24.00h, e de quinta a sábado das 10.00 às 02:00 horas.
Padaria São Roque – Rua Dom Pedro V, 57 - esquina Rua da Rosa -
Situada entre os bairros do Príncipe Real e Bairro Alto, fazia parte da Panificação Reunida de São Roque, Ltda. fora fundada em 1961 para reunir num só local 7 padarias menores que se encontravam espalhadas por estas zonas da capital lisboeta. Atualmente era conhecida como a Catedral do Pão ou Padaria Patriarcal instalada num espaço pequeno, suficiente para aconchegar 10 mesas e um balcão semicircular, onde muitos lisboetas e turistas fazem fila para comprar pão, filhoses, rabanadas e o tradicional Tronco de Natal, tomar o café da manhã, beber um simples café, ou provar a famosa Broa de Coimbra, que era o único local em Lisboa onde se poderia encontrá-la. Ocupava parte do prédio do antigo Palácio dos Salemas e tinha um interior maravilhoso. Abria das 7.00 às 22.00h.
Restaurante Brilhante - Rua Guilhermina Suggia, 14 A -
Era recomendado pelas especialidades gastronômicas e pela excelente cozinha caseira. Não perca as deliciosas tapas e os sanduíches assim como as várias opções de bebidas alcoólicas ou o chá aromático e as decantadas sobremesas. Não faziam reservas, apareça quando quiser. Era possível o pagamento tradicional em dinheiro ou com cartões de débito. Abriam de segundas a sábados das 7.00 às 21.00 horas.
Restaurante e Terraço Bahr – Praça Luis de Camões, 2 – Bairro Alto Hotel
Estava localizado no 5º andar do prédio do hotel, com um terraço com uma vista ímpar sobre o Rio Tejo e um bar com um balcão, era um tributo ao manifesto boêmio que prestava homenagem aos artistas que marcaram a cidade no século XIX. O Terraço funcionava como um complemento do BAHR. Aberto durante todo o dia a hóspedes e não hóspedes, apresentava uma carta própria de refeições ligeiras ao longo de todo o dia. Na Pastelaria, no piso térreo, com uma vista para a Praça Luís de Camões, poderia desfrutar de uma seleção de pastéis, doces e salgados, tipicamente portugueses e produzidos diariamente no local. Atendia das 7.30 às 11.30h – das 13.00 às 16.30 e das 17.30 até a meia-noite.
Restaurante Rocco – Rua Ivens, 14 – Chiado -
Tinha 3 ambientes: Gastrobar, Crudo bar e Ristorante. O aconchegante bar ficava no centro, com um enorme balcão com 17 lugares, onde se notavam veludos, cores fortes e motivos florais. Já no Crudo bar, em formato de anfiteatro, havia peixes e mariscos saindo fresquíssimos do balcão. O salão principal tinha um ambiente acolhedor em tons de madeira, além da cozinha aberta. Era uma referência top para os apreciadores do luxo, do bom gosto e de uma culinária de primeiríssima qualidade.
Restaurante Tavares - Rua da Misericórdia, 37 - Chiado -
Era frequentado por celebridades portuguesas e internacionais, no passado e no presente, e exibia com orgulho os títulos de restaurante mais antigo de Portugal e o quarto mais antigo do mundo. Sua história começara em 1784, mas fora apenas em 1861 que o ambiente ganhara o extremo requinte que ostentava. O luxo, o requinte e extremo bom gosto, surgiam logo ao cruzarmos a porta de entrada, com a decoração em estilo palaciano, com inúmeros detalhes pintados em ouro. No espaço principal, havia um relógio acima de um aparador e espelho, que a princípio, parecia ser mais um relógio. Entretanto, ele fora citado no romance Os Maias, de Eça de Queiroz, e por conta disso fazia parte da estória do restaurante.
Além de Eça de Queiroz, passaram pelo Tavares o escritor Camilo Castelo Branco, a fadista Mariza, o Rei Abdullah II (Jordânia), o ator americano Gary Grant, o escritor Ernest Hemingway, a cantora Madonna, a fadista Amália Rodrigues, o Primeiro-ministro de Portugal Sá Carneiro e o estilista Jean Paul Gaultier, dentre os vários outros nomes que enobreciam o livro de visitas do restaurante. As mesas eram marcadas em homenagem a essas e outras celebridades que passaram por aqui. Por isso, ao fazer uma reserva, poderia escolher, de acordo com uma dessas pessoas que admirasse. Com um nível desses, o atendimento só poderia ser primoroso. Seus profissionais eram extremamente atenciosos, simpáticos, educados, dedicados. Abria de segunda-feira a sábado, das 19.30 as 23.00h. Se poderia afirmar que era um legítimo cinco estrelas!
Restaurante JNcQUOI Avenida
Diferentes restaurantes de Lisboa
Os melhores restaurantes secretos de Lisboa era um conjunto de estabelecimentos individuais e privados que continuavam a funcionar da mesma forma como foram concebidos há 70 anos ou mais. Estes restaurantes propunham uma experiência da melhor gastronomia portuguesa, que a cidade tinha para oferecer, longe das multidões e onde a única base de dados, era a dos vizinhos. Esqueça o Tripadvisor, a pontuação do Yelp e os sites em inglês. Estes lugares eram aqueles que se deveria aconselhar aos amigos que vinham visitar Lisboa, pois mais ninguém fornecia comida portuguesa tão autêntica.
O turismo de Lisboa continuava crescente. Desde 2010, Portugal passara de uma escolha secundária (ou terciária), a destino prioritário e mais cool da Europa para os viajantes. Era a cidade da luz, o sonho dos prédios pintados de branco, das ruas estreitas, dos incontáveis mirantes, com música a tocar em cada esquina e uma linha de horizonte que colocava Roma e Florença no chinelo. Este boom de viajantes, com destino a Lisboa tinha levado a um aumento e a uma diversificação substancial da oferta turística. No entanto, algumas coisas mantiam-se na mesma. E ainda bem...
A Baiuca - Rua de São Miguel, 20 - Alfama -
Se quiser conhecer Lisboa na sua pureza gastronômica absoluta, este era o lugar. Este pequeno restaurante (só tinham 7 mesas), gerido e administrado por uma mesma família, há mais de 40 anos, sua decoração mantinha-se a mesma desde então. A comida era simples e despretensiosa, com pratos como o guisado de tamboril e peixe grelhado na brasa. A sua característica mais atraente era o Fado, protagonizado por uma senhora, com dois ou três guitarristas como acompanhantes.
A Floresta do Salitre – Rua do Salitre, 42-D –
Servia excelentes filés e ótimos grelhados. Era um ambiente descontraído e acolhedor, com preço bom e com um serviço impecável. Experimente a Garrafeira!
Bota Feijão - Rua Conselheiro Lopo Vaz, 5 -
Estava localizado no bairro de Moscavide, muito próximo da Ponte Vasco da Gama, sua especialidade era o leitão à moda da Bairrada, considerada uma da 7 Maravilhas da Cozinha Portuguesa. Temperado com uma pasta de sal e pimenta, o bichinho era assado em um forno à lenha, durante pelo menos umas duas horas. Dizem que era outro de se comer ajoelhado!
Cantinho Lusitano - Rua dos Prazeres, 52 -
Situado na confusão do bairro hippie-chic do Príncipe Real e a um passo da Assembleia da República, situava-se o Cantinho Lusitano, a epifania lisboeta dos petiscos típicos portugueses e do bom vinho. Era um espaço sóbrio e bem iluminado, com lugar para 20 pessoas sentadas, sendo obrigatório reservar. Peça os pratos do dia e experimente uma seleção de queijos e embutidos, salada de favas com cominho, pataniscas com arrozinho de feijão e muitas outras delícias portuguesas. Para a sobremesa experimente o queijo com doce de abóbora.
Casa dos Ovos Moles - Calçada da Estrela, 142 -
A Confeitaria merecia uma visita. Estava situada na Calçada da Estrela (perto do jardim e da Basílica), e prometia fazer as delícias dos mais gulosos, numa loja inteiramente dedicada aos doces conventuais: ovos moles de Aveiro, pão de ló, queijadas, Dom Rodrigos, barrigas de freira... Se leva ovos e açúcar e se a receita tinha muitos anos de existência, provavelmente encontraria aqui. Vinhos e licores também estavam à disposição na elegante Confeitaria.
Laurentina - Rei do Bacalhau - Avenida Conde Valbon, 71-A -
Enquanto aguardava pela refeição, aproxime-se do bar e inície os trabalhos. Tinha dois salões com ar condicionado e capacidade para 80 e 100 pessoas, respectivamente. Pelo nome dava para imaginar que esta casa que abrira em 1976, oferecia todos os tipos de pratos de bacalhau. Aos fins de semana, o pessoal da terrinha invadia o Laurentina, que agora era administrado por um dos filhos do proprietário. O estacionamento ficava por conta da casa e, deveria ser feito nos Parques Valbom ou Berna. Ao pagar a conta, receberia um voucher para o estacionamento. Às quintas-feiras oferecia Fado ao vivo.
Manteigaria - Bairro Alto ou TimeOut Market -
Era difícil achar um pastel de nata ruim, mas os da Manteigaria se superavam na delícia. Não importa a hora que chegar, sempre haveria pastéis quentinhos, prontos para derreterem na sua boca! Turistas e lisboetas concordavam: era sim um dos melhores pastéis de Lisboa!
Marisqueira Nunes - Rua Bartolomeu Dias, 120 - Belém -
Esqueça a multidão e as filas de duas horas da Cervejaria Ramiro. O novo hostspot em Lisboa para comer marisco, era a Marisqueira Nunes. Ficava no coração de Belém, o foco cultural de Lisboa e preenchia todos os requisitos. Os mariscos e os pescados eram do mais fresco que havia, o Chef estava concentrado em cozinhar pratos portugueses da mais elevada qualidade, a cerveja de pressão era gelada e não havia filas à porta. Era também um dos poucos lugares em Lisboa, onde se vendiam lapas e bruxas (uma lagosta que só havia, normalmente, na costa dos Açores). Gambas gigantes ao alho era obrigatório, e o arroz de lagosta seria também uma boa escolha.
Merendinha do Arco - Rua dos Sapateiros, 230 -
Ficava junto ao Arco do Rossio, e era, de alguns anos para cá, uma das tascas preferidas dos turistas. Era famosa por preparar o melhor peixe-espada grelhado no carvão, servido acompanhado de um reconfortante arroz de feijão. Era um espaço pequeno e que apenas contava com os objetos que o dono tinha colecionado ao longo dos 30 anos de atuação à frente do negócio, servindo de decoração ambiental. Tinha lugar sentado para 30 pessoas, divididas por 3 mesas comuns, que estavam sempre cheias dos locais, e por isso, às vezes não havia muito espaço para mexer os braços nas horas de almoço. Veja quais eram os pratos do dia, que normalmente incluiam bacalhau com grão, guisado de vitela e legumes, bochechas de porco preto, e vinho verde da casa, para acompanhar a sua refeição. No final, todos tinham direito a um shot de licor envelhecido de uva destilada.
O Faia – Rua da Barroca, 54 -
Era uma Casa de Fados confortável e ampla, com decoração típica e onde se poderia apreciar o Fado enquanto experimentava pratos tradicionais portugueses, sempre muito bem preparados.
Restaurante João do Grão - Rua dos Correeiros 222 -
O bacalhau era sua especialidade, e ganhara a lealdade dos lisboetas não só pelo prato costumeiro e bem elaborado, mas por ter sido porto de abrigo para uma boêmia que desaguava na Baixa. Ficava aberto durante as 24 horas. Não fechava nem esmorecia. O próprio João do Grão, um galego, era uma figura envolta em lendas e estórias populares. No rótulo do vinho branco e vinho tinto da casa, lia-se restaurante centenário, mas o que se sabia era que a passagem para o atual endereço, só teria acontecido no início do século passado. Os pratos eram vários e quase todos eram variações maravilhosas do bacalhau. Altamente recomendado!
Solar dos Presuntos - Junto ao Elevador do Lavra - Rua das Portas de Santo Antão, 150 -
Era um tradicional restaurante da Baixa Lisboeta, que abrira as portas em 1974 e seguia sendo um clássico da Rua das Portas de Santo Antão. Para abrir os trabalhos, peça pastéis de bacalhau e uma boa versão de pataniscas (lascas fritas com uma massinha de farinha e ovos), acompanhadas de arroz de feijão. A grande especialidade da casa era o bacalhau assado à portuguesa.
Tasca do Vigário - Rua do Vigário, 18 - Santo Estevão -
Era uma pequena tasca, com quatro ou cinco pratos do dia a preços imbatíveis. Era um bom lugar para ir quando estivesse visitando o bairro de Alfama. Ficava muito perto do da Feira da Ladra, do Panteão e da bonita Rua dos Remédios. Se chegasse depois do meio-dia encontraria uma enorme fila, por isso não se atrase! Tratava-se de uma bela imersão na vida lisboeta. Boa comida e gente simpática. As doses eram extremamente generosas e a carne era macia e saborosa. Propunha um cozido à portuguesa surpreendente. O preço médio de uma refeição com vinho, era de 12 Euros por pessoa.
Tasquinha do Lagarto - Campolide, 273 -
Ficava fora do centro turístico, mas era o máximo da cozinha portuguesa feita com seriedade, no seio de uma capital cheia de conceitos gastronômicos insípidos e que estavam na moda. A falta de menção turística, não parecia incomodar os clientes, que até agradeciam por poder usufruir de um espaço exclusivo. Um dos pratos mais saborosos era a vitela assada com batatas e brócolis. Outro recomendado, era arroz de garoupa. Os donos eram oriundos do Norte de Portugal, por isso recebiam com uma calorosa boas-vindas e uma taça do tradicional vinho verde.
Taberna do Lis – Rua dos Douradores, 142 – Baixa
Era parte integrante do Hotel Lis Baixa servia alguns dos melhores pratos com bacalhau. O clima era aconchegante, com mesas no interior do bonito estabelecimento ou diretamente na calçada. O valor era um pouco mais alto do que as tascas da região, mas a qualidade compensa. Os horários para as refeições eram das 7.30 às 10.30 para café da manhã, das 12.00 às 16.30 para almoço e das 18.00 às 22.30h para jantar.
Zé dos Cornos - Beco dos Surradores, 5 -
O nome curioso deste local vinha de um caso extraconjugal, que o pai do atual dono tivera em tempos idos. O lugar ficava tão escondido, que só alguns locais o conheciam. O menu consistia basicamente em carne e peixe grelhados no carvão, sendo que a recomendação ia para o bacalhau e as costeletas de suíno. Mas o que marcava mesmo este lugar era a bifana. Na versão gastronômica portuguesa, este lombo de suíno braseado no pão, era comido religiosamente com mostarda e era encontrado pelo país à fora. O vinho da casa vinha das uvas do Senhor João, o dono, por isso prepare-se para descobrir alguns sabores vínicos do Portugal tradicional.
Varina da Madragoa - Rua das Madres, 34 -
Era conhecida por servir as melhores pataniscas - e eram mesmo!. O peixe também era uma boa opção, especialmente o bacalhau, que vinha grelhado na perfeição: pele crocante comestível com um recheio translúcido, junto ao osso. Se estiver perto do Museu de Arte Antiga ou ao quarteirão da Madragoa, não perca este local, pois era charmoso, tinha comida típica e uma cozinha séria e autentica, a um preço considerado normal.
Zé da Mouraria - Rua João do Outeiro, 24 -
Não iria encontrar uma seta indicando este restaurante, mas veria uma fila de espera. Então, procure chegar antes do meio-dia. Era um pequeno restaurante, que ficava ao virar da esquina da primeira paragem do Elétrico nº 28. Era um dos favoritos entre os taxistas portugueses, por isso sabia-se que a comida era boa, havendo muita variedade e quase nenhum turista. Não se surpreenda ao entrar e ver pessoas comendo lulas e batatas, numa taça metálica gigante. Uma dose alimenta quatro pessoas. As lulas eram tão tenras e o seu sabor era mesmo irreal!



